Roda de conversa realizada por projeto de extensão da UEPB discute memórias da resistência do campo
O diálogo entre as coisas do campo e o ensino superior pode proporcionar uma quantidade de conhecimento além da pesquisa técnica que é feita nas instituições. Para aproveitar as possibilidades de atuação envolvendo a experiência do homem do campo e as contribuições que a academia pode proporcionar, o projeto de extensão “Universidade e Questões Rurais”, desenvolvido no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), vem contribuindo para ampliar o poder de alcance dessas duas frentes, distantes do ponto de vista geográfico, mas muito próximas a partir das ações de desenvolvimento.
Prova disso foi a realização da roda de conversa “Memórias da Resistência Camponesa”, realizada na tarde desta quarta-feira (13), na sede social da Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba (ADUEPB), que contou com a participação de pessoas que têm uma história de contribuição e conquistas sobre as vivências do campo. O momento foi de diálogo com jovens estudantes dos cursos de Sociologia, Serviço Social, Pedagogia e História da UEPB, que puderam ampliar seus conhecimentos a partir da experiência de vida dos palestrantes.
Participaram da atividade o professor Alder Júlio Calado e o primeiro vice-presidente da CUT e atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Sebastião do Umbuzeiro, Luiz Silva. Durante as suas falas, ambos destacaram a importância dessa conversa para que os estudantes conheçam a história da luta camponesa na Paraíba, bem como as conquistas que fizeram parte de anos de reivindicações por parte dos trabalhadores rurais. Luiz Silva foi enfático em afirmar o papel dos estudantes nas conquistas sociais no Brasil nas últimas décadas e valorizou o trabalho que o projeto de extensão tem desenvolvido.
“É importante considerar que a história é professora da vida, por isso que esse momento é muito oportuno, já que a sociedade precisa dessa mobilização estudantil. E essa troca de experiências é muito importante para que possamos animar essa juventude com nossas histórias, para que ela retome a prática da mobiliação social”, disse Luiz. Já Alder Calado afirmou que a intenção em reavivar a memória não corresponde a um gesto de saudosismo, mas sim de tentar ver o que, nas ocasiões passadas, se fazia de positivo para se inspirar em movimentos que deram frutos, tanto do ponto de vista ideológico como, principalmente, da ação de desenvolvimento social.
“O trabalhador do campo hoje enfrenta uma situação muito perversa do ponto de vista estrutural, mas ele também é protagonista de muitas coisas boas, como, por exemplo, o que é feito no Polo Sindical da Borborema, que tem levado os jovens a conhecerem a realidade do campo, porque a cabeça pensa onde os pés pisam. E com esses jovens visitando os assentamentos, eles conhecem as experiências de vida do Semiárido e nós vamos ter muito mais estímulo e base para tornar esses estudantes pessoas críticas e transformadoras”, afirmou Alder.
E a visita aos assentamentos da região do Cariri é umas das atividades do projeto “Universidade e Questões Rurais”, segundo explicou o professor Francisco de Assis Batista, coordenador da iniciativa. Segundo ele, com cinco anos de atividades, mais de 250 alunos da UEPB já passaram pelo projeto, que busca conhecer e se aprofundar ainda mais nas questões relativas ao desenvolvimento da Zona Rural. Atualmente, o projeto conta com 25 alunos que têm contato com oito assentamentos localizados nos municípios de Monteiro, Sumé e São Sebastião do Umbuzeiro.
“Proporcionar o contato do aluno com essa realidade do campo é importante, porque eles terão a consciência de como é o mundo rural na nossa região, além de perceber fatores fundamentais para o nosso desenvolvimento, seja ele em questões da produção agrícola, da alimentação e, principalmente, na busca por soluções para os problemas de abastecimento de água, que é o principal entrave para o crescimento da cultura do campo. Eles não vão em busca de solucionar o problema da seca, mas sim em desenvolver ações que contribuam para melhorar a convivência de uma região localizada no Semiárido paraibano”, explicou o professor.
Aluno do 4º período do Curso de Sociologia, Ramon Araújo, natural de Campina Grande, é integrante do projeto de extensão e disse que sempre foi atento à vida na Zona Rural. E para contribuir com o desenvolvimento dessas áreas, ele acredita que essa troca de experiências contribuirá ainda mais para o encontro de alternativas para quem vive no campo. “Sempre tive uma relação muito próxima com o campo. Minha avó era camponesa e ela me ensinou muita coisa. Esses momentos são importantes porque aprendemos muito além do que está nos livros. Aprendemos com quem vivencia há muitos anos esses problemas que tentamos encontrar algumas alternativas”, destacou.
Texto e fotos: Givaldo Cavalcanti
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