Palestra sobre interface entre alfabetização científica e letramento acadêmico abre a 18ª Semana de Letras
Tradicionalmente, os alunos de universidade, egressos do Nível Médio, se deparam com outras práticas de leitura, escrita e pesquisa diferentes dos tempos de colégio, o que requer da Instituição de Ensino Superior a adoção de medidas que facilitem a familiarização do acadêmico com o novo ambiente. Criar processos de mediação que favoreçam a vida acadêmica durante o curso de graduação foi a proposta apresentada pela professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Regina Celi Mendes Pereira, na conferência de abertura da 18ª Semana de Letras da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Na palestra “Interface entre alfabetização científica e o letramento acadêmico: a dimensão formativa da escrita”, professora Regina mostrou inicialmente que, apesar de suas especificidades, o letramento acadêmico e o letramento científico dialogam muito. Além de mostrar que esses dois tipos de letramento acompanham toda etapa do processo formativo do graduando, a docente destacou que a universidade precisa pensar nas formas de mediação que permitam ao aluno compreender e assimilar novos conhecimentos.
Ela lembrou que, antes, existia uma concepção de que, ao ingressar na universidade, o aluno já estava automaticamente inserido no novo universo, o que não acontece hoje, visto que tudo é heterogêneo atualmente. E essa heterogeneidade da escrita, segundo ela, é reflexo das culturas disciplinares que são diferentes. “O que é novo nessa discussão é a preocupação em didatizar essa entrada. O aluno, ao entrar na universidade, precisa de um tempo para ir se apropriando da nova realidade”, salientou Regina Celi.
Com o tema “Vivências e desafios dos cursos de Letras na contemporaneidade”, a 18ª Semana de Letras da UEPB foi aberta na manhã desta terça-feira (29), no Auditório 3 da Central de Integração Acadêmica, no Câmpus de Bodocongó, em Campina Grande. O evento, promovido pelo Departamento de Letras e Artes da Instituição, reúne mais de 300 estudantes em suas discussões.
A solenidade de abertura contou com a presença do reitor Rangel Junior; da chefe do Departamento de Letras, professora Amasile Coelho; e das coordenadoras dos cursos Letras (Português, Inglês e Espanhol),Iara Francisca Araújo Cavalcanti, Telma Sueli Farias Ferreira e Cristina Bongestb, respectivamente, além do chefe de Gabinete da Reitoria, professor Ricardo Soares. Em sua fala, o reitor Rangel Junior deu as boas vindas aos participantes e manifestou sua afinidade com a área de Letras. Rangel disse que, mesmo não sendo da área, sempre se sentiu atraído pelo mundo da poesia e da literatura e ressaltou que a Semana de Letras consiste em mais um momento de aprendizado e enriquecimento.
Na condição de reitor, mas também de psicólogo, Rangel dirigiu palavras de esperança aos estudantes e disse que, apesar dos momentos turbulentos no país e das crises de paradigma e de valores, que levam ao medo e ansiedade, é preciso manter a luta. Como recado geral, ele destacou que é preciso tentar fazer um exercício de tolerância, de abertura da capacidade para compreender o universo do outro, de empatia e procurar conhecer o semelhante, fazendo, com isso, brotar o sentimento de solidariedade.
Coordenadora geral do evento, a professora Amasile Coelho disse que, na edição deste ano, a Semana pretende juntar a experiência de professores da UEPB e de outras instituições em um compartilhamento de saberes. O evento, segundo ela, também é um momento para o compartilhamento das produções científicas dos alunos de Letras. “Essa é uma integração de saberes e um momento ímpar para o Curso de Letras”, destacou.
Além da conferência de abertura, a manhã do primeiro dia do evento foi marcada ainda pela mesa redonda “Práticas da oralidade e escrita na formação acadêmico-científica de professores de línguas”, coordenada pelas professoras Mariana Pérez (UFPB), Carolina Gomes da Silva (UFPB) e Regina Celi, sob a mediação da professora Iara Francisca Araújo. O evento segue até a próxima quinta-feira (31), com palestras, mesas redondas, minicursos e apresentação de trabalhos em formatos oral e pôster. Ao todo, serão realizados 13 minicursos abordando temas voltados para a formação do professor e 19 Grupos de Trabalhos (GT).
Em sua 18ª edição, a Semana de Letras emerge da necessidade constante de discussão sobre o lugar ocupado pelos cursos de Letras no atual contexto de formação profissional e sobre o seu papel no desenvolvimento da sociedade brasileira.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Tatiana Brandão
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