Aluna da Universidade Estadual da Paraíba vence prêmio nacional com projeto de dessalinizador portátil
Desenvolver alternativas que contribuem para comunidades rurais enfrentarem a seca utilizando equipamentos de baixo custo e que sirvam de instrumento para várias famílias terem acesso à água potável não parece ser apenas um sonho. O projeto “Desenvolvimento de um dessalinizador solar portátil para potabilização de água salobra em regiões semiáridas do Brasil”, elaborado no Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), comprovou que aliar inovação, criatividade e olhar para o social pode transformar realidades. Com esses predicados, a iniciativa foi a grande vencedora do 8º Prêmio para Estudantes Universitários, criada em parceria do Instituto 3M com a ONG AlfaSol, a partir do Programa Universidade Solidária (UniSol).
A cerimônia do concurso, que aconteceu no último dia 5 de dezembro, em São Paulo, classificou para a final cinco propostas, dentre mais de 200 inscritas, e coroou o projeto da UEPB que recebeu como prêmio a quantia de R$ 50 mil como incentivo para continuar desenvolvendo a pesquisa. A estudante Karyna Steffane da Silva, do 7º período do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da UEPB, representou todos os integrantes do grupo de estudo e, junto ao professor e orientador do projeto, Carlos Antônio Pereira de Lima, recebeu o prêmio que contribuirá para que, dentro do prazo de um ano, novos resultados sejam alcançados.
Segundo explicou Karyna Steffane, esse dessalinizador é totalmente diferente dos demais que já existem no mercado e que estão instalados em zonas rurais de várias cidades do Nordeste. Além de ser portátil, precisar de materiais de baixo custo e ser de fácil acesso para a construção, o equipamento ainda pode atender várias famílias, comprovando eficácia e viabilidade. “Nós construímos o protótipo utilizando materiais de simples, como uma caixa de madeira com um fundo de zinco, em cima do zinco um isolante térmico para ajudar a manter a alta temperatura, lâminas de vidro, além de uma telha de fibra de cimento, que são materiais baratos e de fácil acesso”, explicou Karyna.
A estudante ainda afirmou que o equipamento pode produzir em torno de três litros de água por metro quadrado de área do dessalinizador por dia, com aproveitamento total da água salobra, uma vez que é possível fazer a recirculação do líquido durante o processo, o que, segundo ela, pode ter contribuído para a premiação no concurso. “O dessalinizador portátil comprovou ser totalmente viável. Após testarmos o funcionamento dele, foram realizados exames físico-químicos na água, que comprovaram os resultados para o consumo. E receber esse prêmio foi demais. Eu nem esperava ser finalista, uma vez que havia muitos projetos bons e com o viés empreendedor, uma característica do concurso”, acrescentou.
A surpresa por vencer um prêmio que se notabilizou por destacar iniciativas empreendedoras foi justificada por Karyna pela essência do projeto ser voltada para o desenvolvimento social e científico, e não voltado ao mercado. “Nossa proposta nunca foi vender o projeto ou desenvolver algo para ganhar dinheiro. Nosso objetivo foi construir algo para beneficiar o povo. E conseguimos fazer isso com um produto de baixo custo. Agora, com o dinheiro do prêmio, vamos avançar na pesquisa para podermos construir dessalinizadores que possam beneficiar cerca de 25 famílias da Zona Rural de Juazeirinho, local onde desenvolvemos nossa pesquisa há mais de um ano”, disse.
Prêmio também possibilitou qualificação
Ter sido classificado à final do 8º Prêmio para Estudantes Universitários não só aumentou as chances do projeto “Desenvolvimento de um dessalinizador solar portátil para potabilização de água salobra em regiões semiáridas do Brasil” ser o grande vencedor da disputa, como possibilitou à equipe participar de uma formação, custeada pela ONG AlfaSol, que também garantiu passagem e estadia aos participantes.
Segundo o professor, os três dias que antecederam a cerimônia de premiação foram de muito trabalho e aprendizado, pela participação de várias oficinas com consultores e auxiliares de desenvolvimento de projetos disponibilizados pela ONG AlfaSol. “Nós temos muito a agradecer a AlfaSol por proporcionar tudo o que foi vivenciado além do prêmio. Nós participamos de atividades que contribuíram bastante para melhorar nossa expertise, principalmente pensando no andamento do nosso projeto. E também gostaria de agradecer ao Instituto 3M pela oportunidade para desenvolver o projeto”, disse professor Carlos.
Sobre a continuidade da pesquisa, o coordenador do projeto confirmou o objetivo de construir novos dessalinizadores portáteis para atender as famílias que enfrentam dificuldades no acesso à água. Com isso, ele acredita na ampliação das atividades, o que contribuirá na formação dos alunos de graduação e pós-graduação integrados à iniciativa. “Hoje nós temos cinco alunos, entre estudantes de graduação e pós. Queremos avançar na pesquisa para atender cada vez mais famílias que convivem com esse desafio de não ter acesso à água encanada”, concluiu Carlos Lima.
Texto: Givaldo Cavalcanti
Fotos: Divulgação
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