Trabalho de pesquisador da UEPB é publicado em revista internacional de alto impacto na área de Química
Um dos mistérios mais complexos da ciência – o estudo acerca da “Origem da Vida” – pode ter ganho uma importante peça para a conclusão desse quebra-cabeça que há décadas tenta ser explicado por pesquisadores de diversas áreas de conhecimento. Isso, porque um servidor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) integra uma equipe que desenvolveu pesquisa com uma descoberta relevante no campo científico, que foi publicada em revista internacional de alto impacto na área de Química.
Francisco Rodrigues, que é professor substituto do Departamento de Química da UEPB e também químico no Complexo de Laboratórios do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), em parceria com a professora Maria Gardennia de Fonseca, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além de sete pesquisadores franceses e um chinês, publicou o artigo “Confinement and Time Immemorial: Prebiotic Synthesis of Nucleotides on a Porous Mineral Nanoreactor” (Confinamento e Tempo Imemorativo: A Síntese Prebiótica de Nucleotídeos em um Nanoreator Mineral Poroso – em tradução livre), no Journal of Physical Chemistry Letters, revista Qualis A1 (de impacto de 8,7), indexada como um dos 68 periódicos de Ciências Físicas e da Vida na base de dados da Nature.
A publicação parte da tese que os minerais catalisaram a vida, confirmando a máxima da Grande Escola que diz: “sem minerais, sem vida”. De acordo com professor Francisco, que realizou um pós-doutorado na Sorbonne Université (Paris), na área de Química de Superfície, a pesquisadora Maguy Jaber (França) fez o convite para que ele trabalhasse com o tema “Origem da Vida”, o que possibilitou uma contribuição muito relevante na temática com a síntese prebiótica de três nucleotídeos, considerados como blocos formadores de RNA, dentre eles o ATP, um importante nucleotídeo reportado pela primeira vez na literatura em um ambiente confinado de um mineral poroso.
“Fui para o pós-doutorado para pesquisar sobre pigmentos no Laboratoire d’Archéologie Moléculaire et Structurale. Chegando lá, fui questionado se queria trabalhar paralelamente na temática da ‘Origem da Vida’, o que prontamente aceitei. Isso significou em trazer duas linhas de pesquisa altamente relevantes para o Brasil. Então, após alguns testes, conseguimos importantes resultados que foram previamente divulgados em 2018 no “Gordon Research Conference – Origins of Life”, no Texas. Buscamos reproduzir nesse trabalho uma atmosfera não oxidante, similar ao que tínhamos na Terra Nova (quando as características do planeta eram bem diferentes da que temos hoje), uma atmosfera basicamente inerte. Quando fizemos as caracterizações do material obtido, foi confirmada a obtenção de três nucleotídeos: adenosina monofosfato (AMP), adenosina trifosfato (ADP) e adenosina trifosfato (ATP). Este último atua como uma importante fonte de energia em processos biológicos, além de ser um importantíssimo precursor de cofatores na Biologia (NADH e coenzima A), sendo uma biomolécula extremamente importante para a vida”, explicou o professor.
Ainda segundo professor Francisco, até então o ATP nunca tinha sido sintetizado em uma superfície mineral, o que comprova o ineditismo da pesquisa e a importância para os avanços dos estudos acerca da “Origem da Vida”. “Dizemos que esse foi o ‘boom’ do trabalho. Se nós conseguimos, a partir do mineral, esse nucleotídeo tão energético e importante para processos biológicos, então estamos seguindo o caminho certo de como a vida pode ter surgido”, acrescentou o professor. O artigo “Confinement and Time Immemorial: Prebiotic Synthesis of Nucleotides on a Porous Mineral Nanoreactor” foi publicado no da 19 de junho, em versão impressa, e em 15 de julho, na internet. Ele ainda afirma que o conteúdo já vem repercutindo muito positivamente na comunidade científica.
“Por conta dessas descobertas, outras publicações internacionais já estão em contato conosco para repercutirem os resultados encontrados”, disse professor Francisco. Ele ainda conta que essa mesma pesquisa deverá ser publicada em nota, através do “Centre National de La Recherche Scientifique” (CNRS), na França, uma vez que o órgão já emitiu mensagem parabenizando pelos excelentes resultados e demonstrando interesse em ampliar o alcance da pesquisa.
Texto: Givaldo Cavalcanti
Foto: Arquivo Pessoal
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