Projeto de Administração do CCEA desenvolve empreendedorismo e avalia conscientização social do consumidor
No contexto atual, em que a sociedade pede aperfeiçoamentos institucionais que impliquem em uma política de melhoramentos atenuantes à corrupção, alunos da disciplina de Empreendedorismo, ministrada pelo professor Francisco Kleveny Soares da Silva, no curso de Administração do Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas (CCEA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) instalaram uma pequena barraca com um serviço de autoatendimento, no hall do Câmpus VII, em Patos, onde o cliente escolhe o produto que deseja consumir, deixa o dinheiro em caixa e leva as suas compras. Tudo isso sem a presença de um atendente.
Os produtos são dispostos de forma que as pessoas consultam os preços em tabelas expostas junto às mercadorias e pagam voluntariamente o valor referente ao produto que foi consumido, sem nenhuma monitoração para verificar se o depósito está sendo realizado em conformidade com o estabelecido. A arrecadação dos valores é feita contando apenas com a honestidade dos clientes. Ficou surpreso? Ainda tem mais! O valor pago pelas compras é depositado em uma caixinha que fica aberta junto aos produtos expostos para que a clientela possa apanhar o seu troco.
Motivados por um modelo de vendas em que esse tipo de comércio já funciona, os alunos Joyce Almeida Germano, João Evangelista da Silva, Gilmar Guedes e José Wellington, desenvolveram o projeto ao qual deram o título de Honnos, palavra que tem origem no latim e significa honestidade. Com o slogan “A nossa confiança está em você”, o projeto visa, além da arrecadação de receita, estimular a conscientização das pessoas e disseminar o valor da confiança e honestidade, ressalvando o compromisso ético e social e como as ações individuais podem influenciar na transformação da sociedade. O resultado obtido vem surpreendendo a todos.
Joyce Almeida, aluna do curso de Administração, explica que a turma tinha que desenvolver uma empresa ou um produto inovador e vender essa ideia. Os alunos pensaram que, além de cumprir a meta e atingir o lucro estabelecido dentro do prazo estipulado, poderiam realizar um trabalho de conscientização social.
“As pessoas têm um discurso de práticas politicamente corretas em que se obedece os padrões éticos e morais da sociedade, mas esse comportamento de fato se pratica ou é apenas mais um discurso? Então, com este projeto, quisemos analisar a confluência entre o discurso e a prática e mostrar que a mudança começa a partir de nós e que pequenas injustiças e favorecimentos pessoais, presentes em nossos atos cotidianos, prejudicam os interesses comuns e as relações sociais”, declarou a aluna.
A estudante disse acreditar que o âmbito universitário é um espaço propício para discussões e práticas de mobilização e transformação social. Ela revela que o resultado obtido até o momento atesta que a conduta ética e moral das pessoas corrobora para que haja uma mudança significativa a partir de pequenas ações cotidianas. Joyce afirma que o projeto, que tem apenas um mês, arrecadou o esperado para o tempo de funcionamento e que até o momento não houve extravios. “O resultado do projeto tem nos surpreendido. Confiamos nas pessoas e elas não nos decepcionaram”, destacou.
O professor Francisco Kleveny diz que, partindo da ideia que norteia a disciplina de empreendedorismo, foi solicitado aos alunos que colocassem em prática suas características empreendedoras e desenvolvessem uma empresa na qual, dentro de um curto espaço de tempo e com uma proposta de um negócio inovador, pudesse fazer a comercialização de produtos e serviços, bem como analisar as oportunidades e desafios do empreendedorismo brasileiro, de acordo com a conjuntura atual do país, permitindo a eles uma reflexão crítica e inovadora acerca da atividade empreendedora na criação de novos negócios. E o resultado da prática desenvolvida chamou a atenção dos acadêmicos.
“Os alunos apresentaram uma proposta que despertou a curiosidade da comunidade acadêmica. Com uma ação que coloca em prática características empreendedoras, eles desenvolveram, a partir do exercício e disseminação de preceitos morais como confiança e honestidade, um serviço de autoatendimento que visa a integração e o desenvolvimento social por meio de práticas voluntárias individuais que podem beneficiar ou prejudicar toda uma comunidade. E o resultado obtido por eles até aqui tem sido positivo. Isso nos mostra que a crença nos valores humanos e o comprometimento do cidadão com o bem comum podem orientar as nossas ações e gerar uma transformação social a partir de simples ações cotidianas”, conclui o professor.
Texto e fotos: Tatiany Escarião
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