Mestrandos em Ciência e Tecnologia Ambiental estudam alternativas para gestão de resíduos sólidos nas Malvinas

13 de setembro de 2017

A problemática relativa aos resíduos sólidos compõe a agenda de debates entre os gestores públicos e impõe mudanças de hábitos dos diferentes segmentos da sociedade. Com o propósito de apontar soluções para esta problemática, quatro mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), orientados pela professora Mônica Maria Pereira da Silva, estão estudando a viabilidade de alternativas aplicadas para a gestão dos resíduos sólidos no Bairro das Malvinas, o mais populoso de Campina Grande.

A ação, que também conta com dois graduandos do curso de Ciências Biológicas da UEPB e dois alunos do Doutorado em Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), visa assegurar o manejo correto dos resíduos, consciência ecológica, além de proporcionar dignidade, qualidade de vida e geração de renda aos catadores de materiais recicláveis.

Coordenadora do Grupo de Extensão e Pesquisa em Gestão e Educação Ambiental (GGEA), Mônica Maria destacou que a iniciativa é piloto e está ancorada pela Lei Federal 12.305/2010 e pela Lei Complementar 087/2014 do município de Campina Grande, se constituindo em um conjunto de alternativas que visa minimizar e/ou evitar os impactos negativos provocados ao meio ambiente e à sociedade em decorrência da ausência de cuidados com os resíduos sólidos.

Dentre as alternativas avaliadas, destacam-se: sensibilização e formação de líderes comunitários e catadores de materiais recicláveis; coleta seletiva na fonte geradora praticada por 342 famílias que residem no entorno da Matriz da Paróquia Jesus Libertador e da Feirinha das Malvinas. O projeto tem procurado criar as condições para o repasse dos resíduos sólidos recicláveis secos, separados e higienizados aos catadores de materiais recicláveis associados à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da Comunidade Nossa Senhora Aparecida (ARENSA).

A ação tem sido responsável pela confecção de coletores internos e externos para motivar a seleção dos resíduos sólidos na fonte; desenvolvimento de tecnologias direcionadas a inserção socioeconômica de catadores de materiais recicláveis; tratamento biológico aeróbio dos resíduos sólidos recicláveis úmidos (orgânicos) e aplicação do adubo resultante em horta e jardins. No total foram entregues 50 coletores de tecido e 14 de chapa galvanizada. Os coletores foram financiados com recursos do projeto “Universal” do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Edital 14/2011.

A partir das orientações dos estudantes da UEPB, os resíduos sólidos são separados e acondicionados pelos moradores em três grupos: recicláveis secos (papel, papelão, plástico, metal e vidro); recicláveis úmidos (casca de frutas e de verduras, restos de alimentos, folhas e flores) e não recicláveis (lixo ou rejeito). Os recicláveis secos são selecionados e armazenados no interior das residências, em coletor confeccionado em tecido, e em frente à residência, em coletor com chapa galvanizada. Depois são repassados para a ARENSA, que encaminha ao galpão para triagem e venda. A venda destes resíduos contribui para geração de renda para os catadores de materiais recicláveis.

Os recicláveis úmidos (orgânicos) repassados pelos moradores, em escala experimental, estão recebendo tratamento em sistema descentralizado instalado em área próxima ao GGEA, no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Câmpus de Bodocongó. O tratamento, conforme destaca Mônica Maria, proporcionará a estabilização e higienização dos resíduos sólidos recicláveis úmidos, reduzindo os impactos negativos sobre a saúde ambiental e humana. Já os não recicláveis (lixo ou rejeito) são encaminhados para o aterro sanitário localizado no Sítio Logradouro, no Distrito de Catolé de Boa Vista.

Em termos de alternativas voltadas ao exercício profissional dos catadores de materiais recicláveis, os destaques são os carrinhos, as mesas de triagem e equipamentos de proteção individual, cuja fabricação atende aos princípios da tecnologia social. Os resultados obtidos a partir destas alternativas indicam que a problemática relativa aos resíduos sólidos pode ser revertida. A experiência tem surtido resultados impressionantes. Para os pesquisadores envolvidos na iniciativa, os problemas relacionados ao acúmulo dos resíduos sólidos podem ser transformados em soluções, mas requerem, todavia, a prática do princípio de corresponsabilidade, pois a responsabilidade é compartilhada. “Somos todos responsáveis pelos resíduos sólidos que geramos. Todos, sem exceção. A adoção do princípio de corresponsabilidade proporcionará mudanças significativas na qualidade de vida dos seres humanos e dos demais seres vivos”, destaca Mônica Maria.

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