8 de março no Campus V da UEPB é marcado por debate sobre assédio e violência contra a mulher

9 de março de 2018

 

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Três vozes do movimento feminista paraibano: uma parlamentar, uma estudante e uma pesquisadora, que suscitaram uma discussão marcada pela emoção, indignação, identificação de direitos. Assim pode ser descrita a noite desta quinta-feira, 8 de março, quando o Campus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) realizou o debate sobre “Assédio e Violência contra a mulher”. A mesa de debate contou com a participação da vereadora Sandra Marrocos, da professora e advogada Martha Simone e da integrante do coletivo feminista Briggida Lourenço, Eduarda Câmara, sob a mediação da diretora do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA), Jacqueline Echeverría Barrancos. O evento contou com o apoio da Associação dos Docentes da UEPB (ADUEPB) e Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (SINTESPB).

Na oportunidade, a professora Jacqueline Barrancos destacou a importância da temática do debate, de suscitar discussões com essa vertente no ambiente acadêmico e lembrou dos casos da professora Briggida Lourenço e da estudante Saara Rodrigues, vítimas de feminicídio.

A vereadora Sandra Marrocos recordou a legislação de sua autoria voltada à garantia dos direitos das mulheres, a exemplo da Lei Ordinária nº 13.448 de 04 de julho de 2017, que combate a violência obstétrica na Rede de Saúde de João Pessoa, e a Lei 13.466, que estabelece o ensino da Lei Maria da Penha nas escolas da capital paraibana. A parlamentar ainda apresentou os números da violência no município, e reforçou a relevância da discussão promovida pela UEPB com a presença de jovens, homens e mulheres, a fim de permitir um maior esclarecimento sobre a problemática da violência contra a mulher, que na Paraíba atinge índices preocupantes.

A professora Martha Simone, que ministrou aulas para a estudante Saara Rodrigues, recordou a brilhante trajetória da aluna e prestou os esclarecimentos necessários do ponto de vista jurídico para que a justiça seja acionada em casos de violência contra a mulher. “Não é porque Saara foi minha aluna, não é porque ela era uma aluna exemplar, mas, o que devemos buscar independente de qualquer ligação com essas mulheres é que a justiça seja feita. Não podemos deixar que casos como esse caiam no esquecimento”, evidenciou a pesquisadora.

Para a estudante Maria Eduarda um dos problemas culturais da sociedade em relação à violência contra a mulher “é histórico e está na banalização desse tipo de violência”. A estudante ainda esclareceu um conceito equivocado que identifica o feminismo como o oposto do machismo. “O feminismo não supõe que os homens são subordinados às mulheres, mas, busca o reconhecimento de que homens e mulheres são iguais”, explicou.

De acordo com dados da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) atualmente, estão em tramitação em torno de 12 mil processos relativos à violência contra a mulher. Esses números refletem uma realidade que se torna mais preocupante sobretudo em face dos dados de feminicídios no Estado, que em 2017 teve setenta e seis mulheres assassinadas (levantamento da Secretaria da Segurança e da Defesa Social do Estado da Paraíba).

Texto e fotos: Juliana Marques