Centro de Humanidades sedia palestra sobre feminismo, prostituição e direitos humanos
Reafirmando seu papel sociopolítico de contribuir para a criação de espaços de debate que tenham como prioridade conferir visibilidade a setores marginalizados na sociedade, o Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), situado em Guarabira, sediou a palestra “Feminismo, Prostituição e Direitos Humanos”. O evento, ocorrido nessa terça-feira (21), no Auditório do Centro de Humanidades (CH), reuniu professores, estudantes e cidadãos da comunidade em geral.
Tratou-se de uma iniciativa dos professores Michelle Agnoleti e José Baptista de Mello Neto, vinculados ao Departamento de Direito do CH, em parceria com o Coletivo Violeta Formiga, movimento que desde 2015 vem desenvolvendo, no Campus III, atividades que colocam em discussão questões relacionadas a gênero e a grupos socialmente vulneráveis. A estudante Najila Martins representou o coletivo no evento.
A palestra foi ministrada pela escritora Monique Prada, que é prostituta, ativista, feminista e uma das fundadoras da Central Única de Trabalhadoras e Trabalhadores Sexuais (CUTS). Ela ainda é co-editora do projeto MundoInvisivel.ORG , que aborda, em âmbito internacional, problemáticas pautadas pelo trabalho sexual. Durante sua explanação, a escritora versou sobre uma série de pontos que norteiam a temática em foco, destacando as dificuldades enfrentadas pela profissão, como por exemplos o preconceito sofrido e a precariedade do trabalho.
Na ocasião, Monique Prada lançou o livro Puta feminista, que traz relatos sobre como entrou no mundo da prostituição e como despertou para o feminismo, que a converteu em ativista. Na obra, a autora possibilita aos leitores uma abordagem da prostituição sob a ótica de uma mulher que vivencia essa realidade, sem recorrer a estereótipos propagados sobre a profissão. Por meio das redes sociais, Monique também busca articular trabalhadoras sexuais em prol do fortalecimento da luta por direitos e pela valorização do trabalho que exercem, pois, para ela, as prostitutas não devem se envergonhar da atividade que praticam. “Com base nessa perspectiva, devemos lutar para que as mulheres tenham mais e melhores opções”, frisou.
Para a professora Michelle Agnoleti, a iniciativa possibilitou um debate acerca da prostituição a partir do aspecto laboral, “implicando em discutir um modelo de prostituição diferente do que é erroneamente difundido”. Além de abordar a precarização do trabalho, a docente chamou a atenção para o seguinte fato: “A primeira coisa que é importante apontar é que a prostituição não é crime no Brasil. Entretanto, o fato de outras condutas vinculadas à prostituição serem criminalizadas faz com que seja vista como atividade marginal, muito embora esteja na classificação brasileira de ocupações do ministério do trabalho e emprego desde 2002”.
Simone Bezerrill/AscomCH
Fotos Adriano Santos