Centro de Humanidades realiza seminário sobre estratégias metodológicas de ensino em História

21 de fevereiro de 2014

seminario_slideUma reflexão sobre a prática docente e o desenvolvimento de metodologias de ensino. Essa foi a temática que pautou o 1º Seminário sobre História, realizado, nessa quinta-feira (20), no Auditório do Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), situado em Guarabira. O evento reuniu pesquisadores e professores da área de Ensino em História do Centro de Humanidades (CH) e de outras universidades.

De acordo com o organizador do seminário, professor João Batista Gonçalves Bueno, o objetivo da iniciativa consistiu em demonstrar aos alunos de História que a prática de ensino também pode ser vislumbrada como um campo de pesquisa que potencializa diversas abordagens de estudos. “Visamos realizar um seminário dessa natureza a cada semestre, com o intuito de compartilharmos experiências com nossos alunos e com professores de outras instituições”, relatou Bueno.

As atividades tiveram início no turno da tarde, com a realização da mesa redonda “Linguagens no Ensino de História”. Apresentando suas experiências metodológicas aplicadas em sala de aula, o professor Iranilson Buriti, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), relatou sobre várias possibilidades de se trabalhar o conteúdo histórico a partir de técnicas criativas, como a criação de blogs, por exemplo. “A ideia é de estimular os alunos a pesquisarem, sendo a internet uma ferramenta aliada nesse processo, pois é um meio com o qual eles têm muita afinidade”, disse o docente.seminario

Ainda trabalhando o exercício docente através de linguagens diferenciadas, Iranilson Buriti trouxe outras estratégias de ensino e avaliação aplicadas nas disciplinas que lecionou: confecção de almanaque, portfólio, carta, clipping e artigo, além da utilização de paródia e encenação teatral. Para ele, a finalidade é provocar a produção do conhecimento a partir de vários estilos textuais.

Em seguida, o professor João Bueno debateu a imagem enquanto objeto e documento de pesquisa histórica, a partir do estudo que desenvolveu em sua tese de doutorado, na qual abordou propostas de leituras de imagens visuais nos livros didáticos de História do Brasil entre as décadas de 1970 e 1990.

seminario6Baseando-se em teorias dos campos da Arte e Semiótica, o docente frisou a importância da contextualização da produção das imagens, bem como alertou para o fato de que elas não podem ser objetos de direcionamentos de sentidos, pois são passíveis de múltiplas leituras, condicionadas pelo repertório sociocultural de cada sujeito. “É preciso saber trabalhar a imagem em sala de aula, instigar o aluno a fazer uma leitura própria e, sobretudo, crítica”, declarou Bueno.

A programação do seminário teve continuidade no período da noite, com a mesa redonda “Metodologias de Ensino de História”, que contou com a palestra da professora Vilma de Lourdes Barbosa, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A docente, que tem 21 anos de profissão, salientou a significância do evento para a área de Ensino de História, que, segundo ela, muitas vezes não é valorizada por outras linhas de pesquisa do próprio curso.seminario3

Vilma de Lourdes explicou a estruturação das três disciplinas de Estágio Supervisionado oferecidas pelo Curso de História da UFPB, reportando os pontos de discussão de cada uma. Também diferenciou os vários conceitos que norteiam a prática de ensino e que ainda não são muito claros para o alunado, tais como: método, metodologia, técnica, ferramentas, dentre outras. Após refletir sobre o exercício docente, enfatizou que “não adianta aplicar metodologias sem levar em consideração a importância dos conteúdos, pois só há êxito quando se consegue aliar o conteúdo a uma metodologia eficiente”.

Por sua vez, a professora Luciana Calissi relatou a experiência dos professores do Departamento de História do Centro de Humanidades no que concerne à adoção de oficinas como estratégia de estabelecer uma relação harmoniosa com as escolas onde são realizados os estágios docentes.seminario5

“Antes, tínhamos uma grande dificuldade quando os alunos precisavam ir para os estágios de observação, pois os professores se mostravam hostis a essa prática, concebendo os estagiários como invasores. Com as oficinas, ocorre diferente. Agora, a presença dos estudantes na sala de aula, trazendo temas e técnicas diferenciadas de ensino, é vista, por eles, como uma forma de enriquecimento por meio das novas possibilidades e estratégias trabalhadas”, relatou Calissi.

A docente ainda disse que as oficinas também proporcionam aos estagiários uma compreensão mais ampla do funcionamento das escolas onde atuam, pois conseguem dialogar bem mais com os professores e os alunos que integram esse universo. Trata-se, segundo ela, de uma “observação ativa”.

 

 

Simone Bezerrill  / Ascom-CH