Centro de Humanidades apoia realização de “I Festival Internacional de Capoeira” em Guarabira

22 de julho de 2013

CAPOEIRACerca de 500 pessoas participaram do “I Festival Internacional de Capoeira – Ginga Vibration”, que teve início na última sexta-feira (19) e se estendeu até o domingo (21), em Guarabira. O evento, organizado pelo Grupo de Capoeira Angola Palmares, contou com total apoio do Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que busca incentivar as artes em suas diversas vertentes.

As atividades aconteceram em três espaços: na sede da entidade filantrópica Associação Menor Com Cristo (AMECC), no ginásio esportivo Zenobão e no Centro de Humanidades (CH). Mestres e capoeiristas da Alemanha, Suíça, Áustria, Estados Unidos e de vários estados do Nordeste participaram do festival.

De acordo com o presidente do Grupo de Capoeira Angola Palmares, mestre Nô, durante o evento foram promovidas, além de apresentações de capoeiristas, palestras, oficinas de dança e outras atividades características do esporte.

O diretor do CH, professor Belarmino Mariano Neto, ressaltou o rico legado cultural deixado pelo povo negro ao Brasil, que aqui chegou após ser desterritorializado do continente africano mediante ao processo de escravidão.

“Os negros trouxeram no espírito e no corpo elementos culturais e religiosos que eram duramente reprimidos nas áreas de engenhos e canaviais do litoral brasileiro. Em relação ao termo capoeira, enquanto uma palavra de matriz indígena, ganhou conotação afro-brasileira, pois a luta em campo aberto no período escravocrata obrigava os escravos a lutarem basicamente com o próprio corpo, já que as armas estavam nas mãos dos colonizadores. Os negros fugitivos que organizaram seus quilombos nas áreas mais afastadas dos centros conseguiram maior contato com a cultura indígena”, declarou o diretor.

Durante palestra realizada no Auditório do Centro de Humanidades, o professor do Departamento de História do Campus III Waldeci Ferreira Chagas abordou o tema capoeira a partir da cultura “Afro-brasileira”. Destacou que tal linha de raciocínio parte da percepção de que nos dias atuais a capoeira é uma experiência que envolve todos os brasileiros, apontando significativos avanços no que concerne a sua disseminação. Mas frisou que ainda há dificuldades em relação à identificação da modalidade esportiva cultural como integrante da cultura de todos os brasileiros.BELO

“O preconceito, em diversos casos, ainda obriga os negros, até mesmo em território quilombola, a resguardarem a sua religiosidade de matriz africana, pois em algumas comunidades de quilombos encontramos igrejas católicas e até protestantes. Os praticantes candomblés, em muitos casos, restringiram-se ao ambiente doméstico, ou seja, familiar”, disse o professor Waldeci.

A palestra foi seguida de debates. O mestre Hailton, representante de Guarabira, salientou que a capoeira está relacionada às danças circulares tribais. Acredita que novos estudos podem aproximar ainda mais a capoeira da cultura indígena, pois, segundo ele, além do termo ser etnologicamente de origem indígena, sua força no país se deve, sobretudo, às lutas de resistência dos negros e índios brasileiros contra a colonização Europeia.

Ambos os professores foram homenageados pelos organizadores do evento, devido à parceria estabelecida. O festival também contou com os apoios da Prefeitura de Guarabira, Fundação Cuca e das entidades AMECC e Anajô.

GRUPOGrupo de Capoeira Angola dos Palmares

Desenvolve atividades em Guarabira desde 1997, quando o mestre Hailton chegou com o objetivo de propagar a capoeira. Hoje, atua em 26 cidades da região, dentre as quais estão: Pirpirituba, Belém, Araçagi, Duas Estradas, Lagoa Grande, Bananeira, Itapororoca, Rio Tinto, Caiçara e Logradouro.

Há 16 anos, o grupo promove encontros regionais, nacionais e internacionais, segundo informou uma das integrantes.

 

Ascom/CH