Campus III reúne entidades e sociedade civil organizada em debate sobre violência contra a mulher
Com o objetivo de mobilizar a comunidade acadêmica em prol da defesa dos direitos das mulheres, o Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), situado em Guarabira, através do Centro Acadêmico de Geografia (CAGEO), realizou o 1º Encontro de discussão sobre violência contra a mulher. O evento reuniu representantes de órgãos públicos e da sociedade civil organizada, nessa quinta-feira (24), no Auditório do Centro de Humanidades.
O debate foi aberto pelo diretor do CH, professor Waldeci Ferreira Chagas, que apontou a violência de gênero como uma temática de todos, inclusive dos homens. “O fato exige, principalmente de nós homens, um novo olhar, de como somos educados e de como agimos com as mulheres. O importante é mudar os comportamentos”, refletiu Waldeci. O evento também foi prestigiado pelo chefe e pela coordenadora do Departamento de Geografia, professores Lanusse Salim Rocha Tuma e Cléoma Maria Toscano Henriques.
Após tecer uma abordagem histórica acerca do papel e da condição social da mulher ao longo dos anos, a delegada Juliana Brasil relatou como se dá o trabalho desenvolvido pela Delegacia da Mulher em Guarabira, onde atua há oito anos. Para a titular, a Lei Maria da Penha representou avanços no enfrentamento da violência doméstica, mas, segundo ela, ainda contém pontos imprecisos. Além disso, a delegada destacou questões estruturais que dificultam o trabalho da delegacia, tais como: falta de psicólogo, assistente social e de um juizado especial.
“A Delegacia da Mulher atua como uma rede de proteção, agindo em parceria com outros órgãos para conseguir assistir às vítimas, como os Centros de Atendimentos Psicossociais, as Secretarias municipais e os Conselhos tutelares. Temos que ser práticos e objetivos diante dos casos, mas, sobretudo, é preciso sensibilidade para atender àquelas mulheres que são vítimas de um complexo conjunto de violência que vai além da agressão física”, disse a delegada.
Juliana Brasil ainda salientou que o problema da violência contra a mulher não será resolvido apenas com o trabalho da delegacia, que desempenha mais um papel punitivo. Segundo ela, é fundamental uma conscientização social sobre a questão para que atitudes sejam tomadas com a finalidade de acabar com qualquer tipo de violência, seja física, psicológica ou moral.
O debate também foi enriquecido com a participação da representante da Secretaria da Mulher em Guarabira, Márcia Amaral de Oliveira. De acordo com ela, 140 casos de violência doméstica foram registrados no município em 2013, dentre eles um registro de homicídio. Diante desses dados, foi lançada a campanha “Guarabira no Enfrentamento à Violência de Gênero”, cuja meta é estimular mudanças de atitudes, refletir sobre comportamentos machistas e contribuir efetivamente na luta contra a violência de gênero através do estabelecimento de diálogos com a população urbana e rural.
“Uma das maiores dificuldades verificadas durante nossas visitas a bairros da cidade e a zona rural é a falta de conscientização daquelas mulheres que sofrem violência. Em muitos casos, não têm noção de que estão vivendo nessa situação. Por tal razão, nosso objetivo central é levar informação”, relatou Márcia.
A secretária informou que a partir de junho deste ano a campanha será levada às escolas, quando os professores da rede municipal terão a oportunidade de passar por uma formação cidadã de enfrentamento do problema que envolve os diversos aspectos de violência contra a mulher.
Por sua vez, a representante da Organização Não Governamental (Ong) Serviço de Educação Popular (Sedup), Gisânia Carla de Lima, afirmou que a educação é o principal instrumento de conscientização e combate ao problema acerca da violência contra as mulheres. O Sedup, que atua na região do Brejo há 30 anos apoiando causas coletivas e contribuindo para a transparência das ações e recursos públicos, também lançou uma campanha de mobilização social: “Viva Mulher: Participação Popular para Violência Acabar”.
“O caminho é o processo educativo. É preciso reeducar, refletir sobre essa problemática social e procurar alternativas para superá-la. A violência psicológica é tão agressiva quanto a física. Até perceber que vive numa situação de violência, uma mulher pode levar anos acomodada, sem autoestima”, disse Gislânia.
A quem pedir ajuda:
Delegacia da Mulher em Guarabira: (83) 3271-4144
Disque denúncia nacional: 180
Disque denúncia Violência contra a Mulher: 197
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher em Guarabira: (83) 3271-7535
Secretaria de Políticas de Mulher em Guarabira: (83) 3271-4252
Simone Bezerrill /Ascom-CH