Palestra da doutora Courtney Campbell, da Universidade de Tougaloo, encerra semana em homenagem ao Dia da Mulher Negra
Na semana em que se comemorou o “Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra” e o “Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha”, festejado em 25 de julho, o Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Guarabira, promoveu uma programação especial com o objetivo de fortalecer a luta contra o racismo, a discriminação, a violência e a invisibilidade histórica sofrida pelas mulheres.
As atividades foram encerradas nesta sexta-feira (29) com a palestra “Raça e representação nos concursos de beleza no Brasil (1947-1969)”, proferida pela professora Courtney J. Campbell, da Universidade de Tougaloo, localizada no Mississipi, Estados Unidos. A docente apresentou a pesquisa que desenvolveu no doutorado sobre a formação da identidade brasileira através dos concursos internacionais de beleza, demonstrando os padrões estéticos predominantes, imbuídos, segundo ela, de concepções racistas.
Com formação na área de História, a pesquisadora Courtney Campbell ainda apresentou os percursos metodológicos adotados em seu trabalho. “Busquei compreender, tendo como corpus documental jornais, poemas e músicas, como o brasileiro se representou através da beleza da mulher em diversos momentos da história”, explicou a docente, que neste mês assumirá a disciplina “História da América Latina” na Universidade de Birmingham, no Reino Unido.A programação teve início na última segunda-feira (25), com a roda de diálogo “A situação da mulher negra no Brasil atual”, coordenada pela professora Ivonildes Fonseca, do Departamento de Educação do Centro de Humanidades (CH). Durante o debate, concluiu-se que uma nova configuração social só será possível por meio da desconstrução de discursos preconceituosos e machistas, bem como da criação ou mesmo da evidenciação de valores baseados no respeito e na diversidade. Ações estas, segundo os docentes e estudantes que participaram da discussão, que devem ser aplicadas já na Educação Infantil.
O marco mundial do combate ao racismo e à opressão de gênero foi instituído em 1992, na Republica Dominicana, onde ocorreu o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas. No Brasil, a homenagem à mulher negra se deu com a Lei 12.987/2014, tendo como símbolo de combate e resistência a líder quilombola que viveu no atual estado de Mato Grosso no século XVIII, Tereza Benguela.
A semana comemorativa foi organizada pelo Departamento de Educação, pelo Coletivo Violeta Formiga, pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do CH (NEABÍ-UEPB-Guarabira), pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal da Paraíba (NEABÍ-UFPB) e pela Organização de Mulheres Negras na Paraíba (Bamidelê).
Simone Bezerrill/Ascom-CH