Campus III entra no circuito nacional das discussões acerca da Base Nacional Comum Curricular
Com o intuito de entrar no circuito nacional das discussões acerca dos conteúdos e competências que devem ser priorizados pela Educação Básica, o Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), situado em Guarabira, em parceria com Associação Nacional de História – ANPUH Seção Regional da Paraíba, promoveu, nessa quinta-feira (18), o debate “O que vai mudar com a Base Nacional Comum?”.
O evento reuniu professores de História das redes municipal e estadual de ensino da região e graduandos na área. A atividade foi conduzida pelo professor João Bueno, do Departamento de História do Centro de Humanidades (CH) e delegado da ANPUH-PB, tendo como debatedoras as professoras Luciana Calisse e Ivonildes da Silva Fonseca, lotadas, respectivamente, nos Departamentos de História e Educação do CH.
Durante o debate foram expostos os fatores positivos e negativos que norteiam a Base Nacional Comum Curricular (BNC), que se encontra em fase preliminar. Primeiramente, João Bueno discorreu sobre a estrutura geral do documento, citando as diferentes áreas que o compõe. Em seguida, o docente se voltou para o campo da História, ao explicar as ideias e os apontamentos teórico-metodológicos propostos.
O professor também relatou as principais críticas atribuídas ao texto da BNC, em especial às voltadas para o Ensino Médio. No entanto, avaliou como positiva a iniciativa do Ministério da Educação e Cultura (MEC) pelo fato de abrir o debate para a sociedade. “É a primeira vez, na história desse país, que temos a possibilidade de intervir no processo de formação curricular. Até agora, todos os currículos de ensino foram criados e impostos de acordo com as ideologias governantes. Esta é uma oportunidade para se pensar e se constituir uma perspectiva intercultural do ensino”, enfocou João Bueno.
A professora Luciana Calisse se preocupou em explicar, sobretudo aos estudantes, a importância da existência de uma base curricular. Para ela, a questão fundamental do documento em análise está na problematização da relação entre teoria e prática. “O que estamos discutindo aqui é o que está sendo considerado fundamental estudar. Trata-se da sugestão de reflexões voltadas para a organização de propostas de conhecimento. Nesta direção, verifica-se que a história do Brasil é o ponto de partida para o estudo de outros espaços e tempos históricos”, explanou Luciana.
Já a docente Ivonildes Fonseca da Silva se concentrou na parte do documento que trata sobre a educação infantil. Para ela, a participação popular na formulação da BNC é o primeiro passo para a constituição de uma sociedade mais justa. Ainda salientou que romper com o eurocentrismo, evidenciar a diversidade cultural e reconhecer a necessidade da reflexão de gênero são tópicos significativos da proposta.
“Repensar o currículo escolar é de suma importância para desconstruir ideias estereotipadas, que impõem e alimentam inferioridades. Temos que valorizar as culturas e não sobrepô-las de forma hierárquica”, relatou a professora, que também é ativista social.
A Base Nacional Comum Curricular, prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), visa estabelecer os conhecimentos e as habilidades fundamentais que devem estar presentes na formação dos alunos em cada ano da Educação Básica. Deverá ser o eixo para professores e coordenadores na elaboração do projeto pedagógico da escola. Até o dia 15 de março, todos os brasileiros poderão contribuir com sugestões e observações direcionadas ao texto preliminar da BNC, através do site http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Mais de 10 milhões de pessoas já enviaram suas considerações.
Simone Bezerrill/Ascom-CH