Campus de Guarabira celebra Dia Internacional da Mulher com debates e atividades culturais

9 de março de 2018

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, festejado em 8 de março, o Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), situado em Guarabira, realizou uma série de atividades acadêmicas e culturais, todas pautadas por debates que tiveram como objetivo discutir as diversas problemáticas sociopolíticas enfrentadas historicamente pelas mulheres, bem como apontar possibilidades de resistência e luta por direitos igualitários, sem diferenciação de gênero.

Um dos eventos que foram realizados no Centro de Humanidades (CH) para se pensar o Dia da Mulher se deu nessa quarta-feira (7), sendo promovido pelos projetos de extensão “Odisseia Literária” e “Leitura, Ritmo e Performance”,  coordenados pela professora Andréa  Morais Costa Buhler, do Departamento de Letras do CH. Tratou-se da criação de um espaço de criticidade, com o intuito de desenvolver atos performáticos e reflexivos como instrumentos de ação política, tais como: colagem de lambe, pinturas, varal poético de autoria feminina e cemitério simbólico de mulheres assassinadas.

A programação ainda contemplou o recital “Vozes do Femicídio”, momento em que alunos do Curso de Letras (Joelma Kelly, Diogo da Costa, Jamylli Ferreira, Marcelo Valcácio, Thamires Thuanny, Lucas Cavalcanti, Amanda Aparecida) denunciaram crimes praticados contra mulheres e prestaram uma homenagem à professora Briggida Loureço e às estudantes Isabela Pajuçara e Saara Rodrigues, vítimas de feminicídio.

Na quinta-feira (8), a comemoração ficou a cargo do Departamento de História, que realizou a mesa de debates “Somos todas tagarelas”, visando abordar o direito da mulher de ser/estar na história. A atividade foi aberta à comunidade acadêmica do Centro de Humanidades, tendo sido realizada em duas sessões, nos turnos tarde e noite. A discussão da temática em questão contou com as contribuições e experiências das professoras Alômia Abrantes e Elisa Mariana de Medeiros Nóbrega, além da ativista Cibelle Jovem Leal.

Durante suas explanações, elas discorreram sobre a memória dos movimentos feministas no Brasil, delineando as diversificadas lutas empreendidas desde a Primeira República. De tal maneira, começaram demonstrando as atuações de mulheres como Bertha Lutz, por exemplo, que liderou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF) e traçou estratégias em prol do direito do voto da mulher. Em seguida, abordaram os embates travados nas décadas de 60 e 70, apontando o alargamento das reivindicações, e destacaram o crescimento do movimento a partir dos anos 90, quando começou a se institucionalizar por meio da criação de organizações não-governamentais, chegando, assim,  ao período dessa chamada terceira onda revolucionária, caracterizada pela autorreflexão e por pautas mais amplas, de combate, principalmente, à cultura da violência, do estupro e do assédio, que é sofrida diariamente por mulheres, sobretudo negras e de classes mais desfavorecidas.

Para as palestrantes, não se trata de uma luta de mulheres contra homens, mas do combate a uma cultura que impõe tratamentos desiguais e violentos, marcados por hierarquias e tentativas constantes de aniquilamento do lugar de fala das mulheres. Nessa direção, destacou a professora Alômia: “É fundamental que sejamos tagarelas, que façamos de nossa voz uma arma política, pois embora já tenham sido dados muitos passos importantes, ainda faltam muitos a serem percorridos”.

 

 

Texto: Simone Bezerrill

Fotos: Andreia Morais e Simone Bezerrill