5º Seminário de Combate ao Trabalho Escravo reúne comunidade acadêmica do CH e militantes de movimentos sociais
Com o tema “Mundo do Trabalho, Tráfico de Pessoas e Migração”, teve início, nessa terça-feira (21), no Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Guarabira, o 5º Seminário de Combate ao Trabalho Escravo e Degradante. O evento, que se estende até quinta-feira (23), reúne professores, estudantes, representantes do Ministério Público, trabalhadores rurais e militantes de movimentos sociais.
Promovido pelo Serviço Pastoral dos Migrantes do Nordeste (SPM NE), em parceria com a UEPB, o seminário objetiva alertar e conscientizar a sociedade acerca da existência do trabalho escravo e análogo à escravidão no território nacional e, em especial, no estado da Paraíba. Segundo Roberto Saraiva, representante do SPM NE, a iniciativa visa estabelecer novas alianças para o fortalecimento da resistência contra a exploração de trabalhadores rurais.
“Buscamos ampliar e divulgar experiências de combate ao trabalho degradante através da articulação com instituições públicas de ensino e Procuradorias do Trabalho. A finalidade é de contribuir para a erradicação dessa problemática e possibilitar assistência aos trabalhadores que tiveram seus direitos violados”, relatou Roberto.
Durante a palestra de abertura, o professor Marcelo Mendonça, da Universidade Federal de Góias, abordou os impactos ambientais e sociais causados com o advento do agronegócio, sobretudo na região Centro-Oeste. Para ele, o desenvolvimento tecnológico nos setores agrário e hídrico não possibilitou a melhoria das condições de vida do trabalhador. Ao contrário, aconteceu, segundo Marcelo, a intensificação da violação dos direitos e da precariedade no mundo do trabalho.
“A nova organização da produção exige a mobilidade geográfica do capital e do trabalho. Esse processo ocasiona a destruição ambiental, a crescente precarização do trabalho e o aumento dos processos migratórios para os grandes centros produtores, que atraem jovens de várias partes do país através de promessas ilusórias”, destacou o docente.
Ainda de acordo com Marcelo Mendonça, a problemática da exploração no trabalho estende-se pela América Latina. No Brasil, conforme informou, a maior concentração de trabalho escravo ou análogo à escravidão está situada na área rural, sobretudo nas fronteiras agrícolas e nas frentes de trabalho sazonais, onde a fiscalização e as possibilidades de fuga são mais difíceis.
“O grande desafio é descolonizar o pensamento. Compreender os saberes e os fazeres enquanto dimensão da existência e condição para a emancipação. É preciso investir no desenvolvimento das práticas agroecológicas nas comunidades rurais, como formas de alternativa e combate à imposição do trabalho escravo e degradante”, frisou o professor, que também relacionou as migrações geográficas ao tráfico de pessoas e à exploração sexual.
No período da tarde, foram expostos, na mesa redonda intitulada “Mundo do Trabalho”, relatos do pesquisador José Dantas, que abordou a situação de trabalhadores nos canaviais; do camponês Luís Damásio de Lima, que trouxe sua experiência de luta pela terra; e do agente Wellington, da Comissão Pastoral da Terra de Campina Grande (CPT), que explanou sobre os riscos para a saúde advindos do uso de agrotóxicos pelo setor do agronegócio.
A realização do seminário também conta com o apoio do Centro de Estudos Agrários e do Trabalho (CEAT/UEPB) e do Laboratório de Estudos sobre Espaço, Cultura e Política (LECGEO).
Clique [wpfilebase tag=fileurl id=104 linktext=aqui /] e confira a programação do evento.
Simone Bezerrill/Ascom-CH