Projetos desenvolvidos no Campus V voltados à elaboração de novos fármacos são aprovados em editais de financiamento
A cada dia cerca de 3 mil pessoas morrem no mundo vítimas de doenças negligenciadas como a Malária, doença de Chagas, Dengue, Leishmaniose, Hanseníase, que são consideradas endêmicas em populações de baixa renda e apresentam investimentos reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e em seu controle. Para contribuir com a diminuição desses índices alarmantes, divulgados pela Organização Mundial de Saúde, pesquisadores do Laboratório de Síntese e Vetorização de Moléculas (LSVM) do Campus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) vêm desenvolvendo há mais de 4 anos pesquisas voltadas à elaboração de fármacos destinados ao combate dessas endemias. Recentemente esse trabalho ganhou novos incrementos com a aprovação no edital de financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O projeto aprovado na faixa B da chamada universal do CNPq, com financiamento de 40 mil reais, é voltado ao desenvolvimento de um novo fármaco para o tratamento da Leishmaniose e é realizado em parceria com pesquisadores da UFPB, UFPI e Unesp de Araraquara. “Atualmente só existe um medicamento por via oral para o tratamento de Leishmaniose com custo altíssimo e vários efeitos colaterais. Estamos numa fase avançada de desenvolvimento dessa droga e com esse aporte poderemos partir para testes em animais acometidos pela doença o que validará a eficácia desse fármaco”, explicou o coordenador do projeto, professor Francisco Jaime Bezerra Mendonça Júnior.
As pesquisas desenvolvidas pela equipe do LSVM contam com a parceria da “Medicamentos para Doenças Negligenciadas” (DNDi sigla em inglês de Drugs for Neglected Diseases initiative), organização sem fins lucrativos que desenvolve tratamentos para pessoas em situação vulnerável afetados por doenças negligenciadas. “Essa cooperação nos permite integrar uma rede que envolve pesquisadores de todo o mundo, a indústria farmacêutica, as universidades e institutos de excelência, e facilita a articulação para implementação de medicamentos”, avalia Francisco Jaime.
Lançada em julho deste ano, a Chamada Universal é uma das mais tradicionais do CNPq, apoiando projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação em qualquer área do conhecimento. Para concorrer ao Edital, os proponentes tinham que ter o currículo cadastrado na Plataforma Lattes, título do doutor, ser o coordenador do projeto, ter vínculo formal com a instituição de execução do projeto e não ter tido projeto aprovado com recursos da Chamada Universal MCTIC/CNPq 1/2016. O CNPq aprovou, ao todo, 5.572 projetos de pesquisa, sendo 2.357 projetos da Faixa A (projetos de até R$ 30 mil), 1.976 da Faixa B (até R$ 60 mil) e 1.237 da Faixa C (até 120 mil).
Essa é a segunda aprovação recente de projetos desenvolvidos no LSVM em editais de fomento com reconhecimento da comunidade acadêmica. A aprovação do projeto do Núcleo Translacional de Doenças Cardiovasculares (que é coordenado pelo professor da UFPB, Valdir de Andrade Braga, e conta com a parceria com os pesquisadores do LSVM) no Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX), da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), permitirá um subsídio de 364 mil reais para a implementação desenvolvimento das pesquisas já em andamento relacionadas à arterosclerose e hipertensão.
Do campus V da UEPB, compõem a equipe de pesquisa os professores do LSVM Francisco Jaime, Élquio Eleamen, e Ricardo Olímpio, além da Professora Daniela Pontes do Laboratório de Genética. O projeto consta também com diversos outros professores da UFPB, além do professor José Alexandre do Departamento de Fármacia da UFCG, campus de Cuité.
Sobre o LSVM
O Laboratório de Síntese e Vetorização de Moléculas (LSVM), foi criado em 2008, mesmo período em que foi criado o grupo de pesquisa “Sintese e Vetorização de Moléculas Bioativas”, vinculado ao CNPq, e é um dos laboratórios de pesquisa que fazem parte do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA – Campus V).
Atualmente, são desenvolvidos vários estudos buscando o desenvolvimento de novas moléculas que possam se tornar novos medicamentos para o combate de doenças do sistema nervoso central, câncer, tuberculose, malária, leishmaniose, doenças cardiovasculares, dengue, e infecções por micro-organismos oportunistas, em especial fungos. Também foram depositadas algumas patentes que estão sendo negociadas com empresas do ramo farmacêutico para a produção de fármacos.
No laboratório, além do professor Francisco Jaime atuam os pesquisadores e docentes da UEPB: Elquio Eleamen e Ricardo Olímpio de Moura, além de estudantes de pós-doutorado, doutorado, mestrado e iniciação científica.
O grupo tem sido constantemente contemplado em diversos editais de financiamento e tem tido expressiva contribuição científica, com a publicação de artigos científicos nacionais e internacionais, trabalhos apresentados em congressos e patentes concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Texto e fotos: Juliana Marques