Projeto orientado por docente do CCBSA pode auxiliar na preservação de cavalos marinhos no país
Uma espécie rara de peixe que está ameaçado de extinção no Brasil, o cavalo-marinho tem sido objeto de estudos de um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) que desenvolve, em parceria com outros centros de pesquisa do Brasil e de outros países, uma pesquisa que visa preencher lacunas relacionadas ao conhecimento sobre esses animais para, assim, traçar planos estratégicos de ação que possam embasar ações de preservação dos cavalos-marinhos.
A pesquisa intitulada “Determinação de prioridades para a conservação de cavalos-marinhos no Brasil”, está sendo desenvolvida pela doutoranda do Programa de Pós-graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza (PPGETNO) Anna Karolina Martins Borges, com a orientação dos professores Rômulo Alves e Tacyana Oliveira.
O projeto surgiu com o objetivo de aplicar uma abordagem multidisciplinar, utilizando conhecimentos biogeográficos, ecológicos e etnobiológicos, para preencher essas lacunas de informações e determinar as prioridades para a conservação dos cavalos-marinhos no Brasil, considerando duas escalas espaciais – local e nacional.
“Os cavalos-marinhos são peixes raros e ameaçados. No Brasil, as três espécies reconhecidas são consideradas ameaçadas de extinção na categoria ‘vulnerável’ e demandam ações conservacionistas para protegê-los. Para contribuir com essas ações, há lacunas de informações cruciais sobre os cavalos-marinhos que precisam ser avaliadas, principalmente em relação à distribuição, preferências de habitat e ameaças às populações”, explica a professora Tacyana.
Em escala local, a pesquisa será desenvolvida no Estuário do Rio Formoso, Pernambuco, inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guadalupe. Esse estuário abriga uma rica biodiversidade, incluindo os cavalos-marinhos, mas também possui problemas ambientais, como os associados ao turismo náutico. Será mapeada a ocorrência e distribuição dos cavalos-marinhos no estuário utilizando uma abordagem ecológica, através de mergulhos, e também usando uma abordagem etnobiológica, através de um mapeamento participativo realizado com pescadores locais.
Os dados serão utilizados para o desenvolvimento de um plano de ação participativo para a conservação de cavalos-marinhos no Estuário do Rio Formoso, em colaboração com a APA de Guadalupe, garantindo que os contextos conservacionistas e socioeconômicos sejam considerados no processo.
Em escala nacional, o trabalho envolve analisar dados sobre a ocorrência de cavalos-marinhos no país utilizando técnicas de modelagem computacional. “Assim poderemos analisar se os cavalos-marinhos estão adequadamente protegidos atualmente e propor áreas que são prioritárias para a conservação das espécies em todo o país, orientando o desenvolvimento de estratégias futuras para a conservação desses animais e consequentemente dos ambientes que habitam, como os estuários, manguezais e ambientes recifais”, avalia Tacyana.
No Brasil foram identificadas três espécies de cavalos-marinhos e todas correm risco de extinção. Uma das causas é a pesca predatória e a destruição de habitat. Outra causa é a captura frequente deles para serem usados como peça de decoração ou simplesmente para serem criados em aquários. Neste sentido, o trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisadores e pesquisadoras da UEPB pode oferecer dados que embasem ações efetivas de enfrentamento desse problema.
Para isso, esse projeto conta com os apoios institucionais e financeiros do Laboratório de Peixes e Conservação Marinha (LAPEC/UEPB), Área de Proteção Ambiental de Guadalupe (APAG), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), The Rufford Foundation, na Inglaterra, IDEA WILD, nos Estados Unidos, e da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).
Texto: Juliana Marques
Fotos: Acervo do projeto