Projeto do câmpus V realiza campanha para arrecadação de alimentos e EPIs para catadores de recicláveis

16 de abril de 2021

Além dos desdobramentos na área da saúde, a pandemia de Covid-19 tem descortinado uma série de questões sociais que já eram problemáticas antes desse período. As repercussões financeiras causadas pelas ações de combate à disseminação do vírus em todas as nações, sobretudo nos países mais pobres, foram potencializadas e atingiram, principalmente, populações vulneráveis. Dentre esses grupos, os catadores de materiais recicláveis vêm sofrendo desde o início da pandemia, com uma redução drástica na renda, e, nos casos daqueles que possuem comorbidades, com a impossibilidade de trabalhar e assim poder bancar as necessidades básicas e nenhuma garantia governamental de assistência a situação é preocupante.

Nesse sentido, o projeto de extensão “Mobilização, inclusão e formação de catadores/as de materiais recicláveis da cidade de João Pessoa: uma experiência necessária”, vinculado ao Câmpus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que atua desde 2013 junto a essa parcela da sociedade, iniciou uma campanha com o objetivo de prestar assistência aos catadores e suas famílias neste momento de dificuldade. A ação conta com o apoio da direção do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA) da UEPB e de docentes e discentes.

A coordenação do projeto está recebendo doações de cestas básicas e equipamentos de proteção individual que devem ser deixados no prédio do câmpus V, localizado à Rua Horácio Trajano de Oliveira, Cristo, João Pessoa; e no hall do prédio da administração central da UEPB, em Campina Grande. As doações também podem ser feitas online por meio de uma plataforma de arrecadação (https://benfeitoria.com/soscatador). De acordo com a coordenadora do projeto, os docentes e discentes vinculados a essa iniciativa intensificaram as ações, com iniciativas de articulação junto aos poderes públicos e autoridades políticas para auxiliar essa parcela vulnerável da sociedade, porém, diante dos trâmites burocráticos que impedem a resolução desses problemas de forma mais célere, a equipe do projeto resolver mobilizar a comunidade acadêmica para suprir as necessidades mais urgentes.

“Os catadores assim como todos os trabalhadores informais estão passando por momentos muito difíceis, precisando de ajuda porque muitos não têm como pagar pela moradia, outros sequer têm o que comer. Então organizamos uma lista de cadastro desse público e estamos realizando uma triagem separando por ordem de necessidade para atendê-los com as doações que estão chegando. Neste sentido pedimos à comunidade que nos ajude. Basta deixar os alimentos ou cestas básicas no prédio do câmpus V que nós organizamos a entrega”, explica a coordenadora do projeto, professora Fátima Araújo.

A docente lembra que já foi protocolado na Prefeitura Municipal de João Pessoa e Governo do Estado da Paraíba a solicitação para a criação de um plano de emergência para os catadores. A equipe do projeto, que conta com a assessoria jurídica da professora Martha Simone Amorim, já encaminhou diversos pedidos de pauta aos Legislativo Estadual voltados à assistência dos catadores, e acompanha a discussão na Assembleia Legislativa que deve pautar, em breve, a inclusão dessa parcela da sociedade dentre as prioridades do plano estadual de vacinação.

Desde o início da pandemia o projeto vem acompanhando a situação dos catadores e populações vulneráveis da Paraíba realizando ações articuladas com o Ministério Público Federal (MPF), a Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS) do Governo do Estado da Paraíba, a Defensoria Pública e representantes de cooperativas de catadores.

Texto: Juliana Marques
Fotos: Divulgação do projeto