Projeto de pesquisa do Câmpus V analisa as tecnologias de vacinas RNA utilizadas no enfrentamento à covid-19

11 de março de 2022

Com o advento da pandemia de covid-19 e as vacinas se tornando a principal esperança de superação deste cenário pandêmico, a corrida para o desenvolvimento de fármacos que auxiliassem no enfrentamento a essa realidade fez com que, ainda em 2020, fosse autorizado o uso emergencial de algumas vacinas, como a da Pfizer, a primeira autorizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ao mesmo tempo, desenvolveu-se o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou como sendo uma infodemia, uma pandemia de notícias falsas sobre a covid-19 e a respeito dos imunizantes.

Diante dessa conjuntura, a professora do curso de Ciências Biológicas do Câmpus V, Daniela Santos Pontes, desenvolve o projeto de pesquisa “Análise e revisão científica do potencial das vacinas de RNA e sua utilização no enfrentamento à covid-19”, aprovado no edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), cota 2021/2022. A iniciativa consiste em uma revisão e análise bibliográfica de artigos científicos, teses e dissertações, com enfoque nas vacinas Pfizer-BioNTech e a da Moderna, aprovadas para uso emergencial no enfrentamento à covid-19.

Segundo a professora Daniela Pontes, que é doutora em genética e pós-doutora no Institut National de la Recherche Agronomique (INRA-França), essa é uma área de pesquisa de interesse que possibilita analisar os históricos, princípios, formas de ação, aplicações e a importância das vacinas de RNA como estratégia para o enfrentamento às pandemias virais nos últimos dez anos, enfatizando a atual pandemia.

“Trabalhei com vacinas no meu mestrado e durante o meu pós-doutorado. Diante da pandemia da covid-19, da desinformação sobre vacinas e o negacionismo pela ciência, principalmente no que se refere ao receio de muitas pessoas em tomarem as vacinas que usavam novas plataformas, como as vacinas de RNA mensageiro, veio a ideia de realizarmos uma revisão bibliográfica sobre o assunto. Principalmente para descrever o que são as vacinas de RNA mensageiro, mostrar que os estudos com essa metodologia já vinham sendo realizados há mais de 25 anos”, explica a pesquisadora.

O projeto conta com a participação da estudante do 4º período de Ciências Biológicas, Ellen Cristina Silva. Segundo Ellen, o que mais lhe chamou a atenção foi a oportunidade de entender a funcionalidade das vacinas de RNA mensageiro, devido ao momento delicado que o mundo está enfrentando. “Preparar um projeto desse com informações precisas e necessárias sobre esse atual momento que estamos vivendo é extremamente importante tanto academicamente quanto para a comunidade compreender e obter informações necessárias sobre tal assunto”, avalia.

O RNA mensageiro é uma molécula que todos nós temos dentro da maioria das nossas células. Ele é como “um livro de receitas”, que traduz informações do código genético para estruturas dentro das células, chamadas de ribossomos. Diferentemente das vacinas convencionais que levam meses para se desenvolver e são produzidas por meio do crescimento de formas inativadas ou atenuadas do vírus, as vacinas de RNA mensageiro são desenvolvidas e produzidas rapidamente e de forma sintética, usando apenas o código genético do patógeno. As vacinas de RNA mensageiro da covid-19 são uma versão sintética de parte do RNA do vírus, a que contém a receita para produzir a “proteína spike”, usada pelo Sars-Cov-2 para invadir as células.

A expectativa da professora Daniela Pontes é que esse projeto seja uma pesquisa objetiva, com o máximo de informações possíveis e que consigam gerar um material de informação científica para uma futura publicação. Essa pesquisa irá tornar fácil o entendimento de como funcionam as vacinas de RNA mensageiro, principalmente as utilizadas no enfrentamento da pandemia da covid-19 de forma que, após a sua publicação, a população possa ter acesso a todas as principais informações sobre o tema em um único lugar. Por enquanto, o projeto – que corresponde a uma análise científica – segue em fase inicial, com levantamentos bibliográficos e análise de artigos já publicados.

Texto: Bianca Sousa (Estagiária)