Projeto de coleta seletiva do CCBSA ajuda na eliminação de focos do mosquito aedes aegypti

17 de dezembro de 2015

selinhoEm tempos de combate ao mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, um projeto de coleta seletiva desenvolvido pelo Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA) do Campus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) tem ajudado a eliminar focos do mosquito em João Pessoa.

Batizado de “Mobilização, inclusão e formação de catadores/as de materiais recicláveis da cidade de João Pessoa: uma experiência necessária”, o projeto de autoria da professora Maria de Fátima Ferreira de Araújo tem fornecido informações e subsídios que permitem aos catadores fazerem a coleta dos resíduos sólidos de forma adequada, não deixando qualquer resquício para o aedes aegypti desenvolver suas lavas.

Os catadores têm atuado como espécie de “agentes ambientais”, recolhendo nas residências e nos terrenos baldios produtos que poderiam favorecer a infestação do mosquito apontado como o transmissor do vírus da dengue, da febre chikungunya e da zika, que vem causando um surto de microcefalia em bebês. A coleta se dá em pelo menos 10 bairros da Capital e os catadores recolhem garrafas pets, potes de margarinas, iogurte, entre outros produtos.

Idealizadora do projeto, a professora Fátima Araújo observa que as embalagens plásticas descartáveis se transformaram em um perigo para a saúde da população, pois se ficarem abandonadas podem favorecer o crescimento populacional do inseto vetor. Ao recolher esses produtos, os catadores ajudam a evitar a proliferação do mosquito, evitando consequentemente as doenças relacionadas ao aedes aeqgypti.

Ela lembra que o trabalho dos catadores se difere dos garis, visto que eles recolhem o material usando a técnica da separação. Em tempos de avanço das doenças transmitidas pelo aedes aegypti, o projeto tem atuado como um parceiro do Estado e do município no combate ao mosquito. “Os catadores atuam como agentes ambientais. Eles retiram o material do solo, como as garrafas pets e os potes de margarina, e devolvem para o mercado, evitando doenças na população”, frisou a professora.

O projeto é fruto de um convênio da UEPB com o Ministério do Trabalho e Emprego, através da Secretaria Nacional de Economia Solidária, e será desenvolvido até dezembro de 2016. Inicialmente, a iniciativa envolvia 600 catadores, mas já conta com mais de 700 pessoas que trabalham com a coleta seletiva na capital do Estado. Para desenvolver o trabalho, os catadores receberam cursos de capacitação oferecidos pela Universidade. Os cursos foram ministrados no Campus V e nos bairros onde eles residem e atuam.

Eles também receberem orientações sobre a organização de cooperativas e como empreender melhor seu trabalho. Além disso, o projeto adquiriu junto ao Ministério do Trabalho equipamentos como prensa, balança, entre outros materiais que ajudam na coleta seletiva. Atualmente, o “QG” do projeto funciona em um galpão no bairro Roger, com o nome de Centro de Coleta e Triagem.

Por onde passam os catadores realizam um verdadeiro arrastão do bem e da saúde, eliminando do meio ambiente todos os materiais que poderiam favorecer a proliferação do aedes aegypti. “Uma garrafa de plástico que poderia passar 200 anos para se decompor, é reutilizada e devolvida ao mercado sem o perigo do mosquito fazer nela o depósito de suas lavas”, ressaltou professora Fátima.

O projeto realizado desde 2013 é voltado para a identificação, sensibilização, mobilização, formação e inclusão em associações e cooperativas de catadores de toda João Pessoa, conforme prevê a Lei 12.305/2010, que trata da política nacional de resíduos sólidos. A ideia inicial foi fortalecer a participação política dos catadores, incrementando a renda e adequando suas atividades às normas de saúde e segurança no trabalho.

Fátima Araújo ressalta que ao fazer a coleta seletiva utilizando a técnica da separação dos resíduos, os catadores geram renda e dão grande contribuição ao meio ambiente, conservando e preservando a natureza. “Quando eles retiram toneladas de resíduos do solo, como metal, plástico e vidro eles evitam inundações e doenças, possibilitando melhora da saúde da população”, enfatizou.

Texto: Severino Lopes