Projeto de coleta seletiva do CCBSA ajuda na eliminação de focos do mosquito aedes aegypti
Em tempos de combate ao mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, um projeto de coleta seletiva desenvolvido pelo Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA) do Campus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) tem ajudado a eliminar focos do mosquito em João Pessoa.
Batizado de “Mobilização, inclusão e formação de catadores/as de materiais recicláveis da cidade de João Pessoa: uma experiência necessária”, o projeto de autoria da professora Maria de Fátima Ferreira de Araújo tem fornecido informações e subsídios que permitem aos catadores fazerem a coleta dos resíduos sólidos de forma adequada, não deixando qualquer resquício para o aedes aegypti desenvolver suas lavas.
Os catadores têm atuado como espécie de “agentes ambientais”, recolhendo nas residências e nos terrenos baldios produtos que poderiam favorecer a infestação do mosquito apontado como o transmissor do vírus da dengue, da febre chikungunya e da zika, que vem causando um surto de microcefalia em bebês. A coleta se dá em pelo menos 10 bairros da Capital e os catadores recolhem garrafas pets, potes de margarinas, iogurte, entre outros produtos.
Idealizadora do projeto, a professora Fátima Araújo observa que as embalagens plásticas descartáveis se transformaram em um perigo para a saúde da população, pois se ficarem abandonadas podem favorecer o crescimento populacional do inseto vetor. Ao recolher esses produtos, os catadores ajudam a evitar a proliferação do mosquito, evitando consequentemente as doenças relacionadas ao aedes aeqgypti.
Ela lembra que o trabalho dos catadores se difere dos garis, visto que eles recolhem o material usando a técnica da separação. Em tempos de avanço das doenças transmitidas pelo aedes aegypti, o projeto tem atuado como um parceiro do Estado e do município no combate ao mosquito. “Os catadores atuam como agentes ambientais. Eles retiram o material do solo, como as garrafas pets e os potes de margarina, e devolvem para o mercado, evitando doenças na população”, frisou a professora.
O projeto é fruto de um convênio da UEPB com o Ministério do Trabalho e Emprego, através da Secretaria Nacional de Economia Solidária, e será desenvolvido até dezembro de 2016. Inicialmente, a iniciativa envolvia 600 catadores, mas já conta com mais de 700 pessoas que trabalham com a coleta seletiva na capital do Estado. Para desenvolver o trabalho, os catadores receberam cursos de capacitação oferecidos pela Universidade. Os cursos foram ministrados no Campus V e nos bairros onde eles residem e atuam.
Eles também receberem orientações sobre a organização de cooperativas e como empreender melhor seu trabalho. Além disso, o projeto adquiriu junto ao Ministério do Trabalho equipamentos como prensa, balança, entre outros materiais que ajudam na coleta seletiva. Atualmente, o “QG” do projeto funciona em um galpão no bairro Roger, com o nome de Centro de Coleta e Triagem.
Por onde passam os catadores realizam um verdadeiro arrastão do bem e da saúde, eliminando do meio ambiente todos os materiais que poderiam favorecer a proliferação do aedes aegypti. “Uma garrafa de plástico que poderia passar 200 anos para se decompor, é reutilizada e devolvida ao mercado sem o perigo do mosquito fazer nela o depósito de suas lavas”, ressaltou professora Fátima.
O projeto realizado desde 2013 é voltado para a identificação, sensibilização, mobilização, formação e inclusão em associações e cooperativas de catadores de toda João Pessoa, conforme prevê a Lei 12.305/2010, que trata da política nacional de resíduos sólidos. A ideia inicial foi fortalecer a participação política dos catadores, incrementando a renda e adequando suas atividades às normas de saúde e segurança no trabalho.
Fátima Araújo ressalta que ao fazer a coleta seletiva utilizando a técnica da separação dos resíduos, os catadores geram renda e dão grande contribuição ao meio ambiente, conservando e preservando a natureza. “Quando eles retiram toneladas de resíduos do solo, como metal, plástico e vidro eles evitam inundações e doenças, possibilitando melhora da saúde da população”, enfatizou.
Texto: Severino Lopes