Projeto da UEPB atua junto a escolas públicas e comunidade para estimular a cultura de paz com atividades de clown
Sensibilidade, generosidade, altruísmo, criatividade, alegria, amor, são muitas as palavras que poderiam definir o trabalho desempenhado por um professor e um grupo de discentes vinculados a Projeto UEPB em Ação (PUA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Conforme descreveu o escritor alemão Goethe: “A alegria e amor são as duas asas para grandes obras”, e talvez esse seja o encaminhamento que mais se aproxime do complexo formado pelo PUA, que desde 2011 desenvolve diversas iniciativas que aproximam a universidade da sociedade.
Desenvolvido no Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas da UEPB e junto à comunidade do bairro do Cristo Redentor, esse projeto de extensão visa desenvolver segurança humana, emancipação e cultura de paz nas comunidades adjacentes ao Campus V da UEPB. Dentre as ações já implementadas pelo PUA estão a alfabetização e o letramento, com alunos da UEPB ministrando aulas, após capacitação; fortalecimento dos artistas locais por meio de criação, divulgação de eventos, e de apoio ao planejamento de carreira e clown, com palhaços desenvolvendo atividades lúdicas na comunidade, buscando diminuir animosidades e criar interações positivas. Tais iniciativas já foram realizadas em presídios, asilos, creches e escolas públicas.
Atualmente o projeto está numa fase de realização quinzenal das ações denominadas MOB, que utilizam elementos de clown, dança, teatro, circo, bonecos e brincadeiras, nos intervalos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Ângela, para estimular a cultura de paz através do lúdico. Essas ações são realizadas no local desde 2011, época em que o Campus V da UEPB instalou-se no bairro do Cristo onde se localiza a Escola, e, no momento, atende 150 alunos com idades entre 6 e 12 anos.
De acordo com a diretora da Escola Santa Ângela Tereza Cristina Alves as inserções do PUA trouxeram conquistas e aprendizado não só para os estudantes mas, principalmente, para professores e gestores. “No início havia uma rejeição à figura do palhaço. Mas com o tempo eles foram conquistando os alunos com a alegria que é a marca do professor e dos alunos que participam do projeto. E não só os alunos da nossa escola se tornaram menos violentos, nós também aprendemos a lidar melhor com eles no dia a dia. Melhorou a nossa convivência, procuramos resolver conflitos com diálogo”, explicou a diretora.
Coordenado pelo professor Paulo Kuhlmann, o PUA reúne estudantes dos cursos de Arquivologia, Biologia, Relações Internacionais da UEPB e do ensino médio da Escola José Lins do Rêgo. Segundo o professor Paulo o que mais encanta o grupo que participa das ações é a relação de confiança e o carinho que surge a partir da interação com as crianças e adolescentes. O docente lembra ainda da mudança de comportamento dos estudantes desde a implantação do projeto.
“Percebemos uma mudança no comportamento dos alunos, antigamente eram mais violentos, mas, depois que começamos com nossas brincadeiras, que a princípio podem parecer zoeira, passamos a ouvir relatos dos professores de que eles estavam mais calmos em sala de aula. E essa é apenas uma consequência do nosso trabalho, porque com o tempo também estabelecemos uma relação de confiança, de reciprocidade e de envolvimento muito bonita. Eles sentem nossa falta, nos reconhecem quando nos encontram na rua e demonstram o carinho verdadeiro e isso é muito gratificante”, avalia o professor Paulo.
Além das atividades de clown, o PUA também realiza junto à Escola Santa Ângela ações definidas como “círculos de diálogo”, que buscam criar conexão entre as pessoas evitando conflitos preventivamente. “Começamos com as turmas do 8º e 9º ano que estavam brigando e percebemos que melhorou bastante o convívio porque eles entenderam que a pessoa forte não é aquela que briga mas a que pacifica. Depois, estendemos a iniciativa para gestores e líderes da Escola, que atualmente realizam a atividade a cada 15 dias. E, em breve, iremos começar a desenvolver essas ações os estudantes do 5º ano”, explica Paulo.
Também está programada para 2016 a introdução de atividades de dança, empoderamento feminino, teatro e a PUARETA, que seriam as ações do projeto realizadas fora de época, ou seja, em dias diferentes dos já agendados previamente.
Juntamente às ações práticas o PUA também tem sido tema de diversos estudos produzidos e publicados por estudantes do curso de Relações Internacionais da UEPB. Em 2012, o formando Luis Eduardo Ramos, apresentou o Trabalho de Conclusão de Curso “Que palhaçada é essa? A atuação clown no Cristo/Rangel sob a luz da segurança humana e da emancipação”, abordando a experiência no projeto. Segundo o professor Paulo Kuhlmann em breve também deverá ser publicado um artigo num periódico internacional produzido por um grupo de docentes do Bacharelado em Relações Internacionais que apresentará dados sobre as atividades do PUA.
Texto e fotos: Juliana Marques