Professores e estudantes da UEPB apresentam projetos e ministram atividades durante a Expotec 2018
Obsolência de equipamentos eletrônicos, modelo de negócios para empreender e ferramentas de fiscalização da gestão contemporânea foram alguns dos temas abordados pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) na Expotec 2018 – Feira de Inovação, realizada entre os dias 6 e 10 de novembro, no Centro de Convenções de João Pessoa.
Diversos pesquisadores da UEPB e convidados de outras instituições estiveram no stand da Instituição discutindo temas diversos relacionados à tecnologia. O professor do Departamento de Administração e Economia da UEPB, Geraldo Medeiros, apresentou uma reflexão sobre as ferramentas de acompanhamento da gestão, com foco no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS).
“Ao longo de décadas, desde o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS), houve um avanço bastante significativo na transparência na divulgação de instrumentos de gestão, mas, nem sempre a população teve acesso a esses sistemas. O SIOPS já existe há pelo menos 15 anos e mesmo assim a população não conhece o sistema e uma tarefa nossa é levar isso para população, fazer com que a população entenda as ferramentas e sistemas e possibilitar o controle social, a presença da sociedade cobrando dos gestores a melhoria uma melhor utilização dos recursos da saúde”, avalia o professor Geraldo.
Os integrantes do projeto “Empreendedorismo em organizações arquivísticas e bibliotecas: análise do impacto do modelo de negócio CANVA em órgãos públicos da cidade de João Pessoa-PB”, vinculado ao curso de Arquivologia do Câmpus V da UEPB e desenvolvido em parceria com o SEBRAE, apresentaram na feira as possibilidades de implementação do modelo de negócios CANVA como forma de impulsionar a gestão de empreendimentos em diversas áreas.
“Apresentamos uma forma de sobreviver para qualquer tipo de negócio que você queira implementar, dividido em 9 partes que permitem visualizar numa representação gráfica tudo que é preciso trabalhar na empresa [Segmento de Clientes, Proposta de Valor, Canais, Relação com os Clientes, Fluxo de Rendimento, Recursos-Chave, Atividades-Chave, Parcerias-Chave, Estrutura de Custos]. É interessante porque você pode resumir tudo que você precisa na área de negócios independente da área de atuação. Até do ponto de vista pessoal, para projetar a carreira, por exemplo, é possível utilizar esse modelo. E é incrível porque as organizações são muito complexas com diversas variáveis então dificilmente você enxerga o que acontece em uma organização de grande porte”, destaca a coordenadora do projeto, professora Jacqueline Echeverría Barrancos.
O diplomata Ernesto Batista Mane Júnior, que atua no Ministério das Relações Exteriores, também foi convidado para um bate papo no stand da UEPB sobre a interface entre política e tecnologia. “As relações internacionais e diplomacia permeiam todas as relações humanas, então no cenário tecnológico também há uma relação que estamos discutindo hoje e que nos permite expandir os horizontes desse público presente no evento. Com essa mesma perspectiva, foi apresentado o “Mundi Virtual”, uma experiência do Modelo Universitário de Diplomacia, vinculado ao curso de Relações Internacionais e Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança, disponibilizado para os participantes do evento. Na oportunidade o público que esteve na feira pôde conhecer as possibilidades de negociações diplomáticas utilizando plataformas digitais como Twitter e Whatsapp.
“O mundo tecnológico também está em discussão no nível internacional e todas as decisões que ocorrem sobre patentes, cessão de tecnologia, acordos de cooperação técnica, tudo isso interfere na vida desse público da EXPOTEC, formado sobretudo por jovens cientistas ou quem realmente lida com essas questões tecnológicas. Então, por um lado, eles se familiarizaram com essa outra dimensão que é a dimensão política internacional e como essa política interfere na vida deles, inclusive na produção tecnológica dos países e, por outro lado, é uma maneira de usar a tecnologia a favor da educação, como podemos aproveitar esses alunos que conhecem todos os apps e fazer com que eles aprendam a usar essa tecnologia a favor deles”, avalia a coordenadora do Mundi, professora Raquel Melo.
O projeto de extensão “Cineclube do Câmpus V”, coordenado pelo professor Filipe Reis, realizou uma exibição do documentário “Obsolescência programada”, uma crítica ao modelo em vigor na atualidade que permite que equipamentos deixem de funcionar e fiquem obsoletos numa data programada. O curso de Ciências Biológicas do CCBSA esteve durante o toda a feira com um stand destinado a apresentar as plataformas digitais que podem ser utilizadas para monitoramento do ecossistema terrestre: Google Earth, Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Earth Data (Nasa). Por meio destes recursos é possível verificar o clima, qualidade da vegetação, desmatamento, em todo o país.
Também esteve presente no evento o projeto de extensão “Coleta Seletiva Solidária”, coordenado pela professora Maria de Fátima Araújo, do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA), que além de um local de atendimento na feira, promoveu a palestra “O desafio do lixo na contemporaneidade: alternativas e soluções para o Brasil” e a oficina de educação ambiental e coleta seletiva solidária, que contou com a participação da gestora ambiental da Empresa Paraibana de Abastecimento e Serviços Agrícolas (EMPASA), Silvana Alves.
O projeto ainda foi responsável por gerenciar todos os resíduos produzidos durante o evento, através da parceria com as cooperativas de catadores de resíduos de João Pessoa: Associação de Catadores de Mangabeira, Associação de Catadores do Timbó, Acordo Verde, Astramare e Catajampa, que fizeram a seleção dos resíduos, a pesagem e destinaram o material para a cadeia produtiva dos catadores, gerando renda para a comunidade atendida pelo projeto da UEPB. E a equipe do projeto, que reúne mais de 30 discentes de Ciências Biológicas e Relações Internacionais da UEPB, além de dois discentes da UFPB, esteve acompanhando o trabalho dos catadores e orientando o público presente na EXPOTEC para destinar corretamente o lixo a ser descartado.
O coordenador do curso de Arquivologia do Câmpus V, professor Henrique França, também ministrou, na manhã desta quarta-feira (7), a palestra “Uso da tecnologia no acompanhamento e fiscalização da gestão pública”. Na oportunidade, o docente discutiu a importância das plataformas e mecanismos de fiscalização da gestão pública, educação e participação política, tais como a “Operação Serenata de Amor”, o “Politize”, o “Aplicativo Mudamos”, entre outros.
“É importante que o cidadão saiba como pode acompanhar a gestão pública de forma eficiente porque muita gente acompanha pela TV, pelos sites, mas para ir além e ter dados a gente precisa buscar outras fontes, mas, para isso é necessário sair da passividade e tornar-se proativo. Nesse período em que falamos muito sobre fakenews, o conceito de pós-verdade está tão presente, precisamos utilizar o universo tecnológico para nos ajudar. É importante nos tornarmos cidadãos mais ativos nesse processo e buscar informação, checar, acompanhar e fiscalizar” explica o professor Henrique França. A equipe, ligada ao projeto de extensão MUDDE/FARPAS, do Câmpus da UEPB, esteve com um espaço no evento destinado a apresentar ao público jogos de tabuleiro voltados à participação cidadão nos encaminhamentos políticos.
No stand da UEPB foi montado um espaço de participação popular que suscitou uma reflexão sobre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas. No local foi afixado um questionamento sobre “como podemos ajudar a implementar os objetivos de desenvolvimento sustentável?”. Os visitantes da feira puderam responder à questão e afixar as respostas no painel que foi montado. “A ideia é conscientizar a sociedade que nós podemos implementar aqueles objetivos, não precisamos esperar só pelo Governo. Após o evento vamos compilar as sugestões, colocadas de maneira anônima, e vamos elaborar um termo de compromisso para ser encaminhados para a reitoria da UEPB, prefeituras municipais de João Pessoa e Campina Grande, autoridades, para que se comprometam a implementar esses objetivos”, explicou a professora do curso de Relações Internacionais da UEPB, Lucila Vilhena.
Promovido pela Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid), a EXPOTEC contou com a parceria da UEPB, Governo do Estado da Paraíba, universidades públicas da Paraíba, entre outras instituições, que participaram da exposição de projetos de inovação, e integraram a programação do evento com 63 palestras e 18 oficinas.
Texto e fotos: Juliana Marques