Pesquisadores do Câmpus V da Universidade Estadual da Paraíba esclarecem sobre o novo coronavírus
Após o surgimento da Covid-19, doença provocada por um novo tipo de coronavírus, que chegou ao Brasil trazendo bastante preocupação às autoridades de Saúde, a sociedade tem vivenciado um período de incertezas e proliferação de fake news. Diante disso, para esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, os pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Daniela Santos Pontes e Francisco Jaime Mendonça Júnior, que têm acompanhado os principais encaminhamentos e pesquisas relacionadas à doença, falaram a respeito do problema e esclareceram algumas dúvidas, nesta entrevista que pode ser conferida a seguir.
Pós-doutora pelo Institut National de la Recherche Agronomique (INRA), na França, doutora e mestre em Genética Molecular e de Micro-organismos, a professora Daniela Santos Pontes atua leciona no Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA) da UEPB. A pesquisadora já atuou no Centro de Pesquisa Renné Rachou, da Fiocruz, em Belo Horizonte, e possui experiência na área de Genética e Biologia Molecular de Micro-organismos.
Já o professor Francisco Jaime Mendonça Júnior é doutor em Ciências Biológicas na área de concentração “Farmacologia, Fisiologia e Química Medicinal”, é inventor com 19 pedidos de patentes depositadas/concedidas no INPI (BR) e duas patentes internacionais no PCT. Integra diversos projetos aprovados em órgãos de fomento. O pesquisador atua como docente do CCBSA e desenvolve pesquisas na área da Química Orgânica Medicinal, com ênfase na síntese e planejamento de novos fármacos e moléculas bioativas para tratamento de patologias crônico-degenerativas, tais como câncer, inflamação e dor, bem como doenças infecciosas e negligenciadas.
Entrevista
Uma das fake news relacionadas ao novo coronavírus é a de que ele foi criado em laboratório, o que foi refutado em uma publicação da revista Nature Medicine, na qual pesquisadores dos Estados Unidos, Escócia e Austrália apontam evidências de que o SARS-CoV-2 (nome científico do vírus) surgiu a partir dos processos naturais de evolução dos seres vivos. Vocês corroboram com esse pensamento?
Daniela Pontes: Eu venho acompanhando as pesquisas científicas publicadas sobre o SARS-CoV-2, baseado nos aspectos científicos que vêm sendo analisados e as evidências realmente apontam para um processo de evolução natural do vírus. Essas análises foram feitas e vêm sendo realizadas com base nos genomas sequenciados do SARS-CoV-2 isolados de indivíduos em diferentes países do mundo e em comparação a outros vírus da família Coronaviridae, incluindo o SARS-CoV (que causou um surto de síndrome respiratória aguda grave em humanos, em 2002) e o MERS (que causou a síndrome respiratória do Oriente Médio, em 2012). Esses dois vírus apresentavam origem zoonótica e desencadearam doenças respiratórias explosivas em humanos. Os vírus originais SARS-CoV e MERS teriam como reservatórios naturais os morcegos e, no entanto, a transmissão para humanos teria sido realizada por hospedeiros intermediários como gatos almiscarados e camelos. Inicialmente, é importante lembrar que os vírus não se reproduzem por conta própria e, assim, ele necessita de estar em uma célula de um organismo vivo para que ele possa se replicar. Eles também evoluem, como todos os outros seres vivos. Ou seja, eles podem mudar geneticamente ao longo do tempo. As mutações podem causar substituições de aminoácidos nas proteínas produzidas pelo vírus. As mutações são a principal fonte de variabilidade genética e esse é um processo que simplesmente acontece. Esse processo de mudanças genéticas, a ação da seleção natural e a deriva genética ao longo do tempo levam a evolução. Dessa forma, pensando em processo evolutivo para o vírus, que depende do hospedeiro para sobreviver e se replicar, a adaptação de forma a coexistir com o hospedeiro é uma forma de adaptação evolutiva. Se a letalidade do vírus é muito alta, a morte do hospedeiro não é interessante para sobrevivência do vírus, uma vez que se o hospedeiro morrer, o vírus morre também. Quando um vírus novo surge por um processo evolutivo natural e seu hospedeiro não apresenta algum tipo de resistência a ele (imunidade), eles tornam-se emergentes e podem causar infecções agudas, caracterizadas por uma rápida disseminação, podendo levar a consequências mais graves. Isso é o que acreditamos que esteja acontecendo em relação ao surgimento do SARS-CoV-2. Pela semelhança do novo coronavírus com os vírus SARS-CoV e MERS, acredita-se que ele tenha origem zoonótica. O vírus SARS-CoV-2 apresenta alta similaridade com o genoma de um vírus isolado de morcego (BatCoV RaTG13) que, entre os coronavírus conhecidos, apresenta-se como o parente mais próximo do novo SARS-CoV-2. Até o momento, não se sabe se o BatCoV RaTG13 pode ser transmitido para humanos. Acredita que esses dois vírus compartilhem um mesmo ancestral comum, através das análises filogenéticas que vêm sendo realizadas, comparando esses vírus e outros tipos de coronavírus já sequenciados como os encontrados em morcegos e pangolins da Malásia. Além disso, o animal hospedeiro do SARS-CoV-2, que provavelmente serviu como reservatório para a transmissão do vírus ao homem, ainda permanece incerto. Contudo, nenhum vírus animal altamente similar ao SARS-CoV-2, que pudesse ser seu progenitor direto, foi identificado até o momento. O que foi levantado pelo grupo acima citado é que, na análise comparativa dos genomas, esses pesquisadores concluíram que o SARS-CoV-2 surgiu através de um processo evolutivo natural. Eles focaram as análises na proteína Spike (S) que se encontra na superfície do vírus e é envolvida no processo de infecção das células. Nessa proteína encontra-se uma região denominada domínio de ligação ao receptor (RBD) e que tem alta afinidade ao receptor da enzima conversora da angiotensina 2 (ACE2) de humanos, furões, gatos, entre outros mamíferos e também a região do domínio polibásico de clivagem pela furina. Os pesquisadores apontam que o domínio RBD evoluiu otimizando a sua ligação ao receptor ACE2 e melhorando a infecção celular do vírus de uma forma eficiente e diferente das previamente preditas. Considerando ainda essa região, embora o genoma de SARS-CoV-2 apresente uma identidade de 96% com o genoma de BatCoV RaTG13, a região RBD se destaca como a região mais divergente entre os dois genomas. Essa região também se apresenta diferente do SARS-CoV. Por sua vez, essa região RBD do SARS-CoV-2 apresenta uma alta identidade e conservação de aminoácidos com a região de coronavírus isolados de pangolins da Malásia, cujo genoma também é similar ao SARS-CoV-2. Outros estudos também sugerem que os pangolins podem ter sido um hospedeiro intermediário natural de CoVS do tipo SARS-CoV-2 em algum momento. É importante dizer que esses animais são comercializados ilegalmente na China, uma vez que suas escamas são utilizadas na medicina chinesa e sua carne também é consumida, sendo considerada uma iguaria gastronômica. No entanto, até o momento, a falta de dados de outros animais ou de vírus ancestrais recentes do SARS-CoV-2 fazem com que sejam incertos a origem, o animal hospedeiro desses vírus e a origem exata de sua transmissão. Outro ponto abordado por eles é da região do domínio polibásico de clivagem pela furina, uma inserção de 12 nucleotídeos detectada em uma região de junção entre as duas subunidades S1 e S2 da proteína S. Esse sítio de clivagem pela furina tem papel na infecção do vírus. Esse sítio é flanqueado pela adição de três glicanos O-ligados, que podem estar associados ao escape do sistema imune. Esses sítios não foram observados nos coronavírus relacionados ao RaTG13, CoV de pangolins e o SARS-CoV. Esse sítio de clivagem parece permitir o aumento da infecção viral de células ou aumentar a fusão celular de vírus em células humanas. Considerando que mutações (deleções ou inserções) podem ocorrer nessa região de junção S1-S2, essa inserção é também provável de ter surgido de um processo evolutivo natural, refutando a teoria de manipulação em laboratório. Dessa forma, considerando as questões abordadas em relação a similaridade do SARS-CoV-2 e outros genomas de COVs relacionados a outros hospedeiros, a presença da região RBD e sua similaridade e conservação comparada ao CoV de pangolins, a presença do sítio polibásico de clivagem pela furina, sugerem condições adaptativas observadas na proteína S, que permitiriam o vírus ser transmitido de homem para homem, apontando para um processo de seleção natural e configurando forte evidência do vírus não ser produto de uma manipulação em laboratório. Além disso, era de se esperar que, no caso de uma manipulação genética do vírus em laboratório, deveria ser observada a utilização de um vírus ou sistema de genética reversa disponível que fosse altamente similar ao novo vírus, o que não foi observado analisando os dados genéticos de SARS-CoV-2. Outra hipótese levantada é que também pode ter ocorrido um evento de recombinação entre CoVs relacionados a outros hospedeiros e que SARS-CoV-2 tenha originado de um evento mais complexo. Mas é necessário adquirir mais informações genéticas e funcionais sobre o vírus, como, por exemplo, mais sequências de vírus relacionados de origem animal, entre informações bioquímicas para melhor suportar ou refutar essas hipóteses
Francisco Jaime: Corroboro com a professora Daniela. Publicamos inclusive, no ano de 2018, um artigo sobre os mecanismos de resistência aos antibióticos (falando de bactérias), onde tratamos desse assunto e explicamos o que há muito já esse sabe: que os organismos vivos se adaptam naturalmente.
Ainda com relação à genética, qual a importância do mapeamento genético e das pesquisas nessa área para que a Covid-19 possa ser combatida?
Daniela: O conhecimento genético das proteínas para o desenvolvimento de tratamentos e vacinas eficazes contra o vírus. Conhecer o genoma, as proteínas produzidas pelo vírus e suas funções e como elas estão envolvidas no processo de infecção e replicação do vírus são de extrema importância para o desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos e prevenção da doença viral, permitindo que o controle da doença viral seja realmente eficaz.
Francisco Jaime: O que posso acrescentar é o fato de que, com o mapeamento genético, é possível identificar alvos (proteínas, enzimas) do vírus, que servem como ponto de partida para o desenho de medicamentos. Esses medicamentos podem ser criados para se ligar a esses alvos e inibir que eles funcionem, fazendo com que o vírus morra ou parea de funcionar normalmente.
Como se precaver para que, após ser controlada a pandemia de Covid-19, não ocorra mais alguma mutação genética nesse ou em outro vírus e algo semelhante volte a atingir a população mundial no futuro?
Daniela: Como anteriormente dito, as mutações ocorrem naturalmente e continuarão ocorrendo, por ser um processo natural na evolução do vírus. Então, não tem como evitar a ocorrência de mutações. E, como já vimos, várias outras epidemias já ocorreram na história da humanidade. A Covid-19 não foi a primeira e nem será a última. Em relação ao rumo natural da evolução, nada podemos fazer.
Francisco Jaime: Não existe precaução totalmente eficaz. Micro-organismos unicelulares, como os vírus e bactérias, naturalmente sofrem processos de mutação e desenvolvem mecanismos de resistência, que os torna resistentes aos medicamentos e às vacinas disponíveis. É só ver o exemplo da gripe. Toda vez que ficamos gripado, é um vírus diferente que nos infectou. Por isso que praticamente todos os anos a vacina da gripe é diferente, pois ela foi desenvolvida para imunizar as pessoas contra os vírus que existem, não contra os que vão aparecer. Efetivamente que o uso racional dos medicamentos pode diminuir a pressão seletiva e diminuir a velocidade com que ocorrem as mutações, mas elas não param de ocorrer nunca e estaremos sempre vulneráveis.
Com relação ao desenvolvimento da vacina e de fármacos de combate à Covid-19, vocês acreditam que em quanto tempo eles estarão disponíveis para a população em todo o mundo?
Daniela: Desenvolver uma vacina eficaz não é uma tarefa fácil e rápida. Normalmente, levam-se anos (10 a 15 anos) para o desenvolvimento de uma vacina e suas fases de testes para certificação da segurança e eficácia contra um determinado patógeno, antes que ela possa ser devidamente distribuída e disponibilizada à população. A qualidade da vacina é essencial para a prevenção de doenças, de forma que ela não cause nenhum efeito prejudicial à saúde humana ou animal. Inicialmente, deve-se realizar as pesquisas básicas em laboratório na busca e desenvolvimento de candidatos potenciais à vacina (patógenos atenuados, proteínas antigênicas virais, proteínas recombinantes, entre outros) que possam ajudar a tratar ou prevenir determinada doença. Depois, estudos utilizando testes em culturas celulares e em animais são necessários para acessar se a vacina candidata é realmente segura e avaliar sua imunogenicidade (capacidade de gerar uma resposta imune contra o patógeno de interesse), além da sua capacidade de proteção diante da infecção do patógeno. Esses estudos dão uma ideia aos pesquisadores de uma resposta celular que seria esperada em humanos e sugerem qual seria a dose inicial e o método de administração da vacina para a próxima fase de testes. Muitas vacinas candidatas não passam dessa fase devido à sua incapacidade de produzir uma resposta imune desejada. No entanto, uma vez alcançada a resposta imune desejada, a vacina candidata deve passar por uma aprovação. Um patrocinador, geralmente uma empresa privada, envia uma solicitação para o uso de uma vacina em investigação aos órgãos competente. O patrocinador deve descrever os processos de fabricação e teste, resumir os relatórios dos resultados em laboratório e descrever o estudo proposto. Um conselho de revisão institucional, representando uma instituição onde o ensaio clínico será realizado, deve aprovar o protocolo clínico. Uma vez aprovado o protocolo, a vacina passa por três fases de testes em humanos e, constatando-se a eficiência da vacina em prevenir a doença, prevenir a infecção e levar a produção de uma resposta imune eficiente contra o patógeno, deve-se obter a aprovação e a licença para produção e comercialização da vacina. Mesmo depois da vacina ser aprovada, ainda deve ser realizada uma fase de triagem e acompanhamento da segurança e eficácia da vacina. Alguns grupos já anunciaram que apresentaram resultados positivos in vitro e in vivo de vacinas candidatas contra o novo SARS-CoV-2 e que estavam iniciando a primeira fase do teste em humanos. As primeiras notícias dão uma previsão de que entre seis e 18 meses poderemos ter uma vacina para a Covid-19. É aguardar pra ver se todas essas etapas serão cumpridas com rigor e sucesso em humanos para que, em breve, toda a população mundial possa usufruir de uma vacina contra a Covid-19.
Francisco Jaime: Sendo otimista e imaginando que todas as fases de desenvolvimento deem certo, no sentido de que não apareçam efeitos colaterais graves e toxicidade, consigo imaginar que para 2021 já exista pelo menos uma vacina disponível para essa cepa circulante de Covid-19 e a população possa começar a ser vacinada. Quanto a um novo medicamento, esse é um caminho muito mais longo. Não existe um medicamento para a Covid-19. As possibilidades são duas: desenvolvimento de uma droga específica para Covid-19, e esse caminho levará no mínimo de 6 a 10 anos de pesquisa; ou o reposicionamento de medicamentos, que significa utilizar um medicamento já disponível para uma determinada doença e “descobrir” que ele também serve para uma doença distinta e começar a usá-lo para isso. Dando um exemplo bem corriqueiro: originalmente, o AAS (ácido acetil salicílico) foi desenvolvido e utilizado por muitos anos como analgésico, anti-inflamatório e antitérmico. Anos depois, se descobriu que ele também ajudava a prevenir trombose e infartos. A partir daí, ele começou a ser usado para doenças cardiovasculares. Esse processo é muito mais rápido e curto, porque estamos falando de medicamentos que já foram exaustivamente testados e usados em seres humanos, ou seja, já sabemos como ele age e quais são seus efeitos adversos. Então, eles podem estar disponíveis em 1 ou 2 anos. Porém, uma vez existindo uma vacina eficaz, a pesquisa por novas drogas acaba morrendo, pois as pessoas não mais ficarão infectadas ou ficarão um número muito reduzido, o que não justifica o tempo e dinheiro gasto nas etapas da pesquisa. Veja o exemplo de outras doenças causadas por vírus, como caxumba, sarampo, rubéola, febre amarela, resfriado. Para todas essas existem vacinas e para nenhuma delas existem medicamentos para matar os vírus. Se por acaso uma pessoa ficar doente com uma dessas doenças, os medicamentos que tomam são apenas para aliviar alguns sintomas (baixar febre, diminuir a inflamação, etc), mas nenhum deles mata o agente infeccioso (vírus).
Podemos afirmar que a hidroxicloroquina, medicamento usado para combater a malária, lúpus entre outras doenças, pode ser utilizado de forma segura contra o novo coronavírus?
Francisco Jaime: Como já comentado anteriormente, não existe nenhum medicamento para a Covid-19 e, pessoalmente, prevendo que uma vacina pode ser produzida muito mais rapidamente que um novo medicamento, avalio que nunca teremos um medicamento específico para Covid-19. O caso da cloroquina, ou hidroxicloroquina, que são medicamentos antimaláricos, enquadram-se exatamente na tentativa de reposicionamento de medicamentos comentada anteriormente. Porém, são medicamentos com efeitos colaterais graves e que, se usados de maneira inapropriada, são mais letais do que curativos. A equipe médica necessita avaliar muito o custo/beneficio para fazer o uso dessa medicação. Além disso, vários estudos já demonstraram que a taxa de cura desses dois fármacos é muito baixa em pacientes acometidos com Covid-19. Portanto, definitivamente, até a presente data, não existem argumento que justifique o uso de cloroquina para tratar a Covide-19. Acredito que teremos mais chances de sucesso no reposicionamento de drogas, com alguns dos medicamentos antivirais já disponíveis e utilizados em terapias para o HIV ou hepatites. Muitos desses fármacos estão sendo testados contra a Covid-19 e, uma vez que eles agem inibindo o crescimento de vírus, temos uma chance maior de sucesso frente a Covid-19.
É possível traçar uma perspectiva de período para que o vírus seja controlado e haja sua erradicação? Isso depende de que?
Daniela: Eu não consigo responder em relação a previsão exata de quanto tempo poderá levar esse período de controle da epidemia. O que posso dizer é que as medidas de contenção da pandemia já estão em prática através do isolamento horizontal e vertical, dependendo do país, com o intuito de restringir a transmissão interpessoal do vírus; da construção dos hospitais de campanha; desenvolvimento de testes diagnósticos; entre outros. A disponibilidade de testes rápidos para diagnóstico e rastreamento da Covid-19 são importantes para o controle da pandemia. Um esforço entre autoridades, profissionais da saúde e pesquisadores é fundamental para uma melhor compreensão do vírus e da doença, para que medidas de tratamento e vacinas possam ser desenvolvidas. Para isso é importante conhecer a biologia molecular do vírus. A descoberta da origem de transmissão do vírus para humanos também contribuiria para a interrupção da transmissão adicional do vírus. É preciso aprender com essa pandemia e expandir as pesquisas científicas, sociais, econômicas e políticas para que possamos antecipar a emergência de outras futuras epidemias e para estarmos preparados para rapidamente enfrentá-las e contê-las, sem maiores danos a população e ao estado.
Francisco Jaime: Infelizmente, o vírus não será controlado. Ele ficará circulante para sempre, assim como acontece com todos os demais vírus existentes (sarampo, febre amarela, caxumba, etc). Algumas pessoas que tiveram contato com o vírus, que sobreviveram e/ou não tiveram sintomas (assintomáticos) produzirão anticorpos (defesas do organismo) e ficarão imunes. Outras pessoas serão vacinadas assim que existir uma vacina e também ficarão imunes. E a parcela da população que não tomar vacina continuará sendo afetada, ou continuará sendo um reservatório da doença para infectar outras pessoas não imunes. Isso acontece com todas as doenças.