Pesquisadores de Relações Internacionais apresentam um panorama do conflito entre a Rússia e Ucrânia
Disputas de poder e desdobramentos de questões históricas que marcaram o mundo há décadas são algumas das nuances que compõem o cenário complexo que desencadeou o conflito entre Rússia e Ucrânia, culminando na ação apontada como a maior operação militar na Europa desde a segunda guerra mundial, com a invasão do território ucraniano pelos militares russos em 24 de fevereiro. O cenário, que culminou em diversas sanções financeiras e comerciais à Russia, críticas à gestão política da crise por parte dos países envolvidos e repercussões humanitárias e impactos econômicos, é caracterizado por uma guerra de narrativas que é potencializada pela realidade de hiperinformação que conta com o contributo das mídias sociais e tecnologias da informação e comunicação para se propagar.
Diante disso, o docente da graduação e do programa de pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Filipe Reis Melo, e o egresso da graduação em Relações Internacionais e doutorando em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP), Késsio Lemos, apresentam algumas informações importantes para contextualizar a situação vivenciada na Ucrânia, que tem gerado a preocupação mundial na atualidade. O professor Filipe Reis é doutor em Ciência Política pela Universidad de Deusto (Espanha) e integra o quadro de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança (CEAPPG). Já o doutorando Kessio Lemos é pesquisador no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU). Ambos têm se dedicado a acompanhar e entender esse conflito a partir das diversas facetas que o compõem.
As origens do conflito
O pesquisador Késsio Lemos enfatiza que entender a História é fator chave para a compreensão dos eventos presentes. O professor Filipe Reis ressalta que este conflito não é entre Rússia e Ucrânia, mas sim, entre EUA e a Rússia. A Ucrânia é o teatro das operações. “De fato não se pode compreender o conflito sem o entendimento do contexto histórico. Com o fim da União Soviética e em 1991, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que reunia os EUA e os seus aliados ocidentais perdeu o sentido de existir, já que a OTAN havia sido criada em 1949, durante o período da Guerra Fria, para combater a União Soviética e seus aliados. Nas conversações que ocorreram durante a década de 1990 entre a Rússia e os EUA, o acordo foi que a OTAN não seria ampliada em direção à Rússia, para assim manter a estabilidade e a segurança regional. Um dos documentos que trazem essa informação é a transcrição do diálogo sobre a reunificação da Alemanha, ocorrido em 1990, entre James Baker, o então Secretário de Estado dos EUA e Mikhail Gorbatchov, que foi o último presidente da União Soviética. Baker, afirma: “[…] se os EUA mantêm a sua presença na Alemanha no âmbito da OTAN, nem um centímetro da atual jurisdição militar da OTAN se espalhará na direção leste” (https://nsarchive.gwu.edu/document/16117-document-06-record-conversation-between)”. O fato é que os EUA não respeitaram esse acordo e avançaram em direção ao leste, aproximando-se da fronteira russa, incluindo novos membros da Europa Oriental”, resume o professor Filipe.
Segundo Késsio Lemos o desmembramento da União Soviética tornou independentes regiões antes conectadas territorialmente, economicamente e culturalmente. Isso gerou consequências importantes. Por parte da Rússia, as principais consequências foram a degradação de sua posição e influência no mundo e uma grave crise financeira. “Além disso, o distanciamento de algumas ex-repúblicas soviéticas em relação à Rússia e adesão de algumas à União Europeia e à OTAN (maior organização militar do mundo) despertaram a fúria e temor dos líderes russos. Para eles, o território da Rússia estava sendo cercado e o país precisava reagir. A Ucrânia é considerada uma das principais zonas de influência da Rússia, seja por vínculos culturais históricos ou por questões de ordem geopolíticas, como proximidade territorial e a presença de uma importante rede de gasodutos russos que cruzam o território ucraniano. A partir do momento em que líderes anti Rússia assumem o poder na Ucrânia em 2014, os líderes russos passam a condenar a possibilidade de a Ucrânia também entrar na OTAN e na UE, podendo permitir assim, que potências rivais passem a ter vantagens geopolíticas contra a Rússia”, avalia.
O professor Filipe Reis acrescenta que durante a década de 1990, a Rússia não estava em condições de se contrapor à ameaça da OTAN, mas, atualmente se encontra numa posição mais fortalecida e há meses tem avisado aos EUA que não aceitaria que a Ucrânia se tornasse membro da OTAN. “Para entender essa posição da Rússia, basta imaginar se os EUA aceitariam que a Rússia instalasse mísseis na fronteira do México com os EUA. Obviamente que não. Mísseis hipersônicos lançados do território ucraniano alcançariam Moscou em cinco minutos, tempo insuficiente para qualquer reação defensiva. Também é importante entender que as culturas russa e ucraniana estão intimamente imbricadas. É comum que famílias russas tenham parentes ucranianos e vice-versa. A mãe de Gorbatchov, por exemplo, era ucraniana. Ucrânia e Rússia têm uma história de séculos em comum. Para que o leitor tenha uma pequena ideia do isso significa, há um provérbio russo que diz ‘Kiev é a mãe de todas as cidades russas’. Kiev é a capital da Ucrânia. Esta frase está no Conto dos Anos Passados, escrito por volta do ano 1.110. A Ucrânia tem maioria de população de ascendência russa no sul e no leste, na região conhecida como Donbass. Foi em Donbass que, em 2014, surgiu um movimento de independência de Donetsk e Lugansk que contrapôs rebeldes dessa região contra a força militar ucraniana”, explica.
Interesses envolvidos
De acordo com o professor Filipe Reis, em 2014 houve um golpe de Estado na Ucrânia apoiado pelos EUA. A partir daquele ano, a situação no leste da Ucrânia se deteriorou com os combates entre rebeldes independentistas de Donetsk e Lugansk e forças leais ao governo ucraniano. Milícias neonazistas também estiveram implicadas nos ataques às populações das regiões independentistas. Os países ocidentais deram apoio ao governo ucraniano e a Rússia apoiou os independentistas. Para tentar resolver esse problema, surgiram os Acordos de Minsk (capital da Bielorrússia) que foram organizados pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), uma organização que reúne 57 países, entre eles EUA, os países da União Europeia e a Rússia. Os Acordos de Minsk previam o cessar-fogo, negociações para o estabelecimento de maior autonomia regional e a garantia da integridade do território ucraniano. O governo ucraniano foi o primeiro a não respeitar o cessar-fogo e de 2014 até hoje, cerca de 14 mil pessoas perderam a vida. Hoje há cerca de 120 mil refugiados ucranianos do Donbass que fugiram para a Rússia e cerca de 100 mil, de outras regiões da Ucrânia, que foram para a Polônia.
“A Ucrânia é o maior país da Europa Oriental, rico em minérios e o nono maior produtor de urânio. Ocupa uma posição estratégica ao norte do Mar Negro. Há muitos interesses econômicos em jogo. Do ponto de vista da política externa dos EUA, a Ucrânia é uma peça fundamental para tentar enfraquecer a Rússia, seu maior rival no âmbito militar. Documentos oficiais dos EUA, como o Indo-Pacific Strategy Report de 2019, mostram como os EUA estão emprenhados em enfraquecer a Rússia, chamada de “ator maligno”. Do ponto de vista da segurança da Rússia, a Ucrânia significaria o que a América Central e o Caribe representam para os EUA, uma zona de influência prioritária ligada à sua segurança nacional. O que vemos na Ucrânia hoje, com a intervenção da Rússia, é resultado do embate entre a OTAN, liderada pelos EUA e a Rússia que tenta conter a expansão da OTAN embaixo de seu nariz. A existência de grupos neonazistas na Ucrânia reconhecidos até mesmo pela insuspeita Freedom House (https://freedomhouse.org/report/special-report/2020/new-eurasian-far-right-rising) que atacam as regiões de maioria russa e as repúblicas rebeldes de Donetsk e Lugansk são um ingrediente que tornam a situação ainda mais complexa. O futuro dessas duas regiões vai depender do embate entre Rússia e os EUA para saber quem tem mais influência na região. Isso fica claro quando se observa que, desde 2014, a mídia hegemônica ocidental praticamente ignorou a violência das forças militares ucranianas contra população civil das repúblicas rebeldes. É difícil encontrar nesses meios colunistas preocupados com a situação dos Direitos Humanos naquela região”, pondera Filipe Reis.
Por outro lado, conforme avalia Késsio Lemos, a Rússia quer recuperar o protagonismo e influência no seu entorno geográfico. Mais do que isso, estabelecer uma zona de segurança entre o território russo e a bases militares da OTAN. Para isso, o objetivo é destituir o atual governo ucraniano e ter influência e/ou controle sobre as principais decisões de políticas do país. A invasão também é um recado dado por Vladimir Putin de que a Rússia deve ser tratada como uma grande potência, e que o país não vai permitir o que ele chama de “intervenção ocidental” no limiar de suas fronteiras.
“A Ucrânia está dividida como país. Parte de sua população se identifica e deseja que o país esteja alinhado com a Rússia. Outra parte quer autonomia e inserção do país ao modelo político-econômico do Ocidente. Em relação ao governo, o discurso é baseado na busca por autonomia. O país quer tomar suas decisões sem interferência estrangeira. O atual governo vê como um objetivo a entrada do país na OTAN e União Europeia. A associação de outras ex-repúblicas soviéticas nessas instituições, segundo os líderes ucranianos, trouxe benefícios econômicos para estes países, e a Ucrânia deve seguir esse modelo. Os EUA e os países da União Europeia querem uma Ucrânia “independente”, o que na prática representa a manutenção do atual governo que é um aliado importante do Ocidente. Oficialmente estes países não defendem a entrada ucraniana na OTAN e UE. No entanto, afirmam que a Ucrânia deve ser livre para escolher e lutar por suas aspirações e pretensões de política externa. No entanto, ao que parece, o maior objetivo em questão é de conter o aumento de influência da Rússia e a expansão de seu território, e também evitar que este evento gere uma cadeia de outros eventos que venham a desestabilizar o sistema internacional como um todo”, explica Késsio Lemos.
Estamos rumo a uma terceira guerra mundial?
Na análise dos pesquisadores da UEPB, em situações desse tipo, não é possível ter certeza de nada, mas é bem provável que os EUA e nenhum país ocidental queira se envolver em combates diretos contra a Rússia. Primeiro porque a Ucrânia não faz parte da OTAN e, por isso, não é possível acionar o seu artigo 5º que prevê uma resposta da OTAN contra qualquer membro da organização que for agredido. Segundo porque o Ocidente não parece disposto a se arriscar numa guerra que não é sua. Os ucranianos estão sendo utilizados pela OTAN, leia-se EUA, para ameaçar a Rússia. Se a empreitada não der certo, os ucranianos serão abandonados à própria sorte. Terceiro, porque de acordo com especialistas em armamento, a Rússia ocupa hoje a posição mais avançada no mundo no que diz respeito a armas hipersônicas. Seria uma aposta muito arriscada do Ocidente. Finalmente, e talvez este seja o motivo mais relevante, é que a Ucrânia representa um espaço fundamental para a Rússia, mas não é fundamental para o Ocidente. Ou seja, a Ucrânia não ingressar na OTAN não representa nenhuma perda para o Ocidente, mas a entrada da Ucrânia na OTAN representaria um dano gigantesco para a Rússia. Portanto, o mais provável é que os desdobramentos ocorram nas esferas econômicas, políticas e diplomáticas, com o azedamento das relações entre a Rússia e os países ocidentais que vão impor sanções à Rússia.
A desinformação como recurso estratégico
Os pesquisadores da UEPB asseguram que há uma guerra de retóricas, informação ou de contrainformação, que ocorre antes, durante e depois da guerra militar. “Verdades” construídas e argumentos consolidados que podem transformar mocinhos em vilões e vice-versa. O alcance ilimitado e as novas e poderosas ferramentas de comunicação também são usadas habilmente para fins políticos e militares específicos.
“Isso sempre existiu. A diferença de hoje com relação ao passado é que com o advento da Internet e o desenvolvimento dos meios de comunicação e das redes sociais, essa guerra informacional se intensificou. O caso paradigmático de manipulação nas relações internacionais foi quando, em 2003, Colin Powell que era o Secretário de Estado dos EUA, foi ao Conselho de Segurança da ONU afirmar que o Iraque possuía armas de destruição em massa e assim, justificar a invasão do Iraque. Segurando um frasco de vidro com pó branco dentro, mostrava que aquilo era uma amostra do que o Iraque possuía. Os meios de comunicação ocidentais na época divulgaram aquela informação como se fosse verídica. Qualquer pessoa que não tenha consciência de que há uma guerra de narrativas, pode facilmente ser manipulada pelas informações a que tem acesso. Hoje já se sabe que as mídias sociais, através da programação dos algoritmos, priorizam a divulgação de determinados conteúdos em prejuízo de outros. Empresas como Google (que é dona do YouTube), Facebook e Twitter não são espaços neutros de divulgação de informações. Por outro lado, não existe neutralidade na política e por isso, os grandes meios de informação possuem uma narrativa determinada sobre esse tema. Por exemplo, se buscamos entender o que ocorre na Ucrânia recorrendo à BBC, CNN, Le Monde, El País ou aos veículos da grande mídia brasileira, como o G1 e Folha de São Paulo, a narrativa é sempre a mesma, bem alinhada com a posição oficial dos EUA. Se queremos ampliar a nossa visão e ter acesso a outras narrativas, é necessário contrastar as informações desses meios ocidentais com as da mídia russa (RT ou TASS), da mídia chinesa (CGTN), da mídia iraniana (HispanTV), ou mesmo latino-americana (TeleSur). Há vários blogs e portais de análise de política internacional que oferecem diferentes lentes de análise do que ocorre no mundo”, elucida Filipe.
Repercussões financeiras, políticas e comerciais
O professor Filipe Reis analisa com cautela o atual cenário no que concerne às consequências desse evento. “Podemos dizer que esse conflito reacende o embate entre os EUA e a Rússia que marcou o período da Guerra Fria (1945-1991). Outro indicador deste evento é a perda relativa de poder dos EUA no mundo, pois desde o fim da União Soviética em 1991, até 2021, a única superpotência que invadiu e que bombardeou outros países foram os EUA (Somália – 1993, Iugoslávia – 1999, Afeganistão – 2011, Iraque – 2003, Líbia – 2011, Síria – 2014), o que era um indicador da unipolaridade daquele período. Com a invasão da Ucrânia pela Rússia, os EUA já não estão sozinhos nesse quesito. Pode ser que os historiadores, daqui a alguns anos, considerem a invasão da Ucrânia pela Rússia tenha sido o marco de uma nova ordem mundial multipolar”, explica.
Késsio Lemos opina que os últimos acontecimentos podem traçar uma nova ordem internacional. “A ONU tem se mobilizado. A União Europeia tem se unido novamente. Países que em outrora eram neutros – como suíça, Finlândia e, em alguma medida, Alemanha, agora estão se posicionando claramente contra a Rússia. A expansão da OTAN agora é uma realidade. Orçamentos de defesa já estão em ampliação. Ficou claro para os vizinhos da Rússia que se filiar a OTAN é a única forma de se proteger contra a ambição russa. Além disso, a Europa agora está comprometida em acelerar seu projeto de independência energética da Rússia. Tudo isso trará enormes consequências para a distribuição de poder internacional”, considera.
Para o professor Filipe Reis no Brasil as principais consequências podem ser o aumento da inflação por dois motivos: aumento do preço do petróleo e aumento do preço de fertilizantes. No caso do petróleo, a Rússia é o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas dos EUA. Se a sua produção é reduzida, a tendência é o aumento do preço do petróleo. “Mas como isso interfere no Brasil? Ora, o governo Bolsonaro determinou que a Petrobras siga a política de preços de paridade de importação (PPI), que significa que o preço do petróleo brasileiro acompanha o preço do petróleo internacional. Por isso, o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha no Brasil tem subido tanto. No que se refere aos fertilizantes, o Brasil é terceiro maior produtor agrícola do mundo, atrás dos EUA e da China. O Brasil importa 80% dos fertilizantes que utiliza e a Rússia é o maior exportador de nutrientes derivados de nitrogênio. Se as sanções contra a Rússia forem implementadas, o Brasil não poderá mais adquirir da Rússia e terá que buscar outro fornecedor que lhe venderá a preços mais caros. Portanto, haverá aumento dos custos na produção agrícola no Brasil, o que significa que as rações animais ficarão mais caras. Com ração mais cara, produtores de carne bovina, de frango e de ovos aumentarão seus preços. Os exportadores de soja, de carne bovina e de frango também podem ser prejudicados com as sanções, pois não poderão mais exportar para a Rússia. O comércio do Brasil com a Ucrânia é pouco significativo para a economia brasileira. Trigo e aveia, cereais importados pelo Brasil, também devem subir de preço. Resumindo, tendo em conta a situação financeira difícil da maioria dos trabalhadores, as consequências para a população brasileira são bastantes negativas”, prevê.
O futuro do conflito
Ao refletir sobre os caminhos para a solução deste conflito o pesquisador Késsio Lemos se mostra cético quanto ao fato de um possível recuo da Rússia. “Ela concentrará seus ataques a Kiev até deter o controle da capital e destituir o atual governo. Após isso ela poderá sentar na mesa para negociar, já que estará numa posição de força. Em contrapartida a resistência ucraniana está se mostrando mais forte que o esperado. Começará também a receber armas e apoio financeiro do Ocidente. Isso pode gerar reações cada vez mais fortes da Rússia e consequentemente tornar as relações com o Ocidente cada vez mais litigiosas. Não é um cenário fácil”, supõe.
O professor Filipe Reis também segue na mesma linha de raciocínio. “Eu só vislumbro uma alternativa: desocupação imediata da Ucrânia pela Rússia; comprometimento da OTAN de não incluir a Ucrânia na organização; e envio de forças da ONU ou da OSCE para a região de Donbass, para garantir o cessar-fogo e evitar a violência contra aquela população de cerca de 3,5 milhões de pessoas, principalmente a violência de milícias neonazistas ucranianas. No entanto, infelizmente, vejo com muita reticência a possibilidade de que as partes envolvidas aceitem uma solução desse tipo. O mais provável, é que a solução seja imposta pelo lado que tiver mais força e for capaz de sobrepor sua vontade sobre a dos demais, após muito sofrimento da população civil ucraniana”, conclui.
Entrevista concedida à Juliana Marques