Os desafios e perspectivas das migrações contemporâneas são discutidos durante mesa-redonda realizada no CCBSA
Com a presença de calouros e demais estudantes da graduação e pós-graduação Relações Internacionais, foi realizada, na manhã desta quinta-feira (28), o auditório do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) a mesa-redonda “Migrações contemporâneas desafios e perspectivas”, evento promovido pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Deslocamentos Ambientais (Nepda) da UEPB.
Participaram do debate a pesquisadora da UFPB Maritza Farena, que abordou os direitos humanos e migrações; o docente da UEPB, Reginaldo Lins Neto, que discutiu a questão do deslocado em relação à construção de grandes obras do estado e a falta de proteção de bens comuns; Pedro Castanheira, egresso da graduação em Relações Internacionais da UEPB, que apresentou a discussão, que é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso, sobre as situações prolongadas de refúgio, vulnerabilidade humana e o papel da cooperação internacional; a professora da UEPB Thalita Melo, que apresentou o tema “Migrações na América Latina: o caso dos colombianos”; a pesquisadora da UFPB, Xaman Korai, que abordou o olhar decolonial à crise migratória e o docente da Universidade Federal do Tocantins, Jan Marcel, que discutiu a crise humanitária internacional relacionada à guerra na Síria.
“Estamos enfrentando a maior crise de refugiados e deslocados já vista. Mas, acima de tudo, essa não é uma crise de números e sim uma crise de solidariedade”, essas palavras do secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, resumem a problemática que permeou as discussões suscitadas a partir da fala dos componentes da mesa-redonda. Para a professora Xaman Korai, é preciso pensar na situação dos migrantes enxergando-os como vidas e não só como números e estatísticas.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) o mundo tem hoje 65,3 milhões de pessoas vivendo em situação de ou deslocamento, o maior já visto desde que os registros se iniciaram.
Em cinco anos, calculou a ACNUR, o número de refugiados e deslocados aumentou em 50%. A quantidade de pessoas que vivem dessa forma hoje equivale a toda a população de países como o Canadá, a Itália, a Espanha e a Polônia. Só no ano passado, 12,4 milhões foram forçadas a deixar tudo para trás, deixando suas cidades e países.
Mas a situação dessas pessoas deve piorar ainda mais nos próximos meses. Embora a Europa esteja lutando para encontrar uma solução para os milhares de refugiados e imigrantes que buscaram abrigo em seu território, a União Europeia(UE) ainda não conseguiu entrar num consenso sobre como, afinal, distribui-los entre seus países-membros.
Em outras regiões, como África e América do Sul, o cenário também não está positivo. O Quênia, um dos países que mais recebe refugiados, anunciou em maio que fechará suas fronteiras, encerrando, inclusive, as atividades em Dadaab, o maior campo do mundo. No Brasil, o governo interino suspendeu conversas com a UE em que negociava a recepção de sírios, uma das populações mais vulneráveis.