Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Deslocados Ambientais é referência para pesquisadores estrangeiros

6 de outubro de 2022

Desde que foi criado, em 2012, o Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Deslocados Ambientais (NEPDA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), tem desenvolvido diversas iniciativas que permitem a consolidação do Núcleo no cenário acadêmico nacional e internacional. Com essa perspectiva, o NEPDA recebeu, neste mês de outubro, o estudante da Radboud University Nijmegen, na Holanda, Thÿmen Von Kleef, que está realizando um estudo em nível de mestrado sobre a relação entre a migração e a seca no Nordeste do Brasil.

Apaixonado pela cultura brasileira, Thÿmen teve contato na Holanda com uma das coordenadoras do NEPDA, a professora Carolina Claro, que intermediou a vinda do estudante para o Brasil, inicialmente para o Rio de Janeiro e, posteriormente, para a Paraíba, onde desenvolverá a coleta de dados de sua pesquisa nos municípios de Catolé do Rocha, Patos, Conceição e Itaporanga.

“Eu sempre me interessei pelo Brasil e tinha vontade de conhecer mais sobre esse país, indo além do que os turistas normalmente conhecem. Diante disso, me interessei em conhecer essa relação entre as secas e a migração e estudar em que medida as ações do Governo influenciam nessa decisão. E para a realização desse estudo o apoio do NEPDA é fundamental do ponto de vista logístico, para articular a rede de contatos e nos dar todo o apoio que precisamos para desenvolver o estudo”, avalia Thÿmen.

De acordo com a coordenadora do NEPDA, professora Andrea Pacífico, a vinda do estudante holandês é uma forma de reconhecimento ao trabalho desempenhado pelo NEPDA e abre possibilidades de fortalecimento de laços entre a UEPB e instituições de outros países, o que é favorável para o Núcleo de Pesquisa.

“A gente fica bem feliz ver o NEPDA sendo reconhecido como uma fonte de pesquisa. Isso é gratificante. É uma troca de experiências. O Thÿmen tem acompanhado as aulas do Mestrado na disciplina de Migração e Refúgio, o que nos permite comparar o acolhimento e integração de migrantes na Europa, que é bem diferente da forma que acontece no Sul Global, e certamente fazer uma discussão mais rica com a presença dele em sala de aula. Além disso, temos a possibilidade de mais trocas acadêmicas com a Universidade a qual ele faz parte tanto para pesquisas, publicações, intercâmbio com docentes e discentes, nos dá esperança de fortalecer esses vínculos ‘, explica a professora Andrea.

O NEPDA foi criado em abril de 2012 para aglutinar pesquisadores locais, nacionais e internacionais interessados na problemática dos deslocados ambientais, de forma a dar visibilidade a este grupo de migrantes ainda ausente de proteção dos regimes internacionais e com pouca proteção dos governos nacionais donde migram e onde buscam acolhimento.

Com essa perspectiva o NEPDA realiza eventos, promove publicações e desenvolve estudos voltados a debater a questão do deslocamento ambiental nos diversos campos com o objetivo de identificar os focos de deslocamento ambiental, analisando o fenômeno migratório por motivação ambiental, além de discutir a possibilidade de formação de um novo regime internacional ou a ampliação de regimes existentes que possam protegê-los em seus direitos básicos fundamentais e dar-lhes a segurança ausente nas diversas fases dos processos de deslocamento.

Texto: Juliana Marques