História do Timor-Leste e cooperação brasileira são apresentadas em evento realizado no CCBSA

28 de abril de 2016

“Nenhum povo é grande por ter apenas fastos a contar, mas pelas liberdades que souber viver, e pelo amor que tiver para dar”, as palavras do poeta timorense Fernando Sylvan, pseudônimo de  Abílio Leopoldo Motta-Ferreira, traduzem com sensibilidade a força de uma nação marcada por uma história de domínio, guerra, luta pela independência, crise política, pobreza, dificuldades que não superam o amor e a crença num futuro melhor daqueles que buscam iniciativas para reconstruir o Timor-Leste.

Tocados por esses sentimentos e pela realidade do povo timorense, estudantes da graduação do curso de Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba, participaram do evento “Timor no Brasil: uma cooperação que está crescendo”, realizado na tarde desta quarta-feira (27) no Campus V da UEPB.

Durante a atividade os participantes puderam conhecer um pouco mais do país localizado no sudeste da Ásia, a história do Timor Leste, regime político, economia, relatos de experiência dos intercambistas timorenses no Brasil, o protocolo de cooperação entre o Brasil e o Timor Leste, além de ter contato com a cultura timorense por meio de uma exposição de fotos de Hendrikus Atok; um recital de poemas em português e em tétum (idioma mais falado no Timor-Leste) organizado por Adolfino Varela, e apresentação de músicas típicas do país por Suzeti Fonseca e Adolfino Varela, todos estudantes timorenses matriculados na UEPB.

A professora do curso de Relações Internacionais Silvia Garcia, que estuda a cooperação entre Brasil e Timor-Leste há 4 anos, e atualmente desenvolve o projeto “A cooperação educacional entre o Brasil e o Timor-Leste: uma análise sobre a experiência acadêmica dos estudantes timorenses na UEPB/Paraíba”, destaca a importância dessa iniciativa da UEPB, atualmente a segunda instituição brasileira com mais estudantes timorenses, que está articulada com uma das prioridades da política externa brasileira que é cooperação sul-sul.

“Existem poucos estudos desenvolvidos no Brasil sobre o Timor-Leste e que tratem dessa cooperação em seus múltiplos e simultâneos níveis, do internacional ao cotidiano. Então, com a vinda dos estudantes timorenses à UEPB, em 2012, passamos a estudar melhor essa questão. E diante da proximidade das comemorações alusivas à restauração da Independência do Timor-Leste, que será em 20 de maio, resolvemos realizar esse evento que conta com a participação dos próprios agentes, os estudantes timorenses, para falarem de sua realidade. Acreditamos que assim conseguimos estimular a simetria de relações que se estabelecem entre Brasil e Timor-Leste”, explicou a professora Silvia.

O estudante do 5º período de Relações Internacionais Zaquel Marques é um dos timorenses atendidos pelo convênio que participou do evento apresentando um relato sobre a história do Timor-Leste, as principais dificuldades encontradas e as perspectivas de futuro. “Inicialmente tivemos dificuldades para lidar com o idioma, a cultura diferente, mas, todas as barreiras serviram para nos impulsionar na busca do nosso objetivo que é obter a capacitação para voltar para o nosso país e ajudar na reconstrução”, avaliou

Para a aluna do 6º período de Relações Internacionais, Jéssica Rodrigues, a experiência de conviver com os estudantes timorenses foi bastante enriquecedora e despertou curiosidades, sobretudo com relação à cultura, considerada, em muitos aspectos, diferente do Brasil. A estudante integra a equipe do projeto da professora Silvia Garcia desenvolvendo o subprojeto “Diversidade de gênero: etnografia do modo como se estabelecem as relações de gênero entre os estudantes timorenses e como se reflete na comunidade acadêmica”, que estuda como as relações de gênero adotadas no Timor-Leste afetam o relacionamento destes estudantes com os colegas e demais brasileiros com os quais eles têm contato.

Atualmente a UEPB conta com 40 alunos intercambistas nos diversos cursos de graduação da instituição, sendo cinco destes no curso de Relações Internacionais. A UEPB também recebeu em 2012 dez estudantes para os cursos de Pós-graduação, que já concluíram as formações. Todos vieram para estudar e são custeados pelo país de origem, passando por seis meses de adaptação, incluindo aulas de língua portuguesa, matemática, passeios e integração acadêmica.

A Coordenadoria de Relações Internacionais (CoRI) é o setor responsável por acompanhar esses estudantes, através dessa iniciativa que colabora com a internacionalização institucional e, no caso da pós-graduação, tem um impacto relevante nas avaliações dos programas pela CAPES.