Curso de Arquivologia da UEPB promove aula magna sobre os desafios e oportunidades da área
O bacharelado em Arquivologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) promove, no dia 8 de dezembro, às 8h30, por meio no canal no YouTube do Programa “Seminário de Saberes Arquivísticos: tecnologia, inovação e práticas (SESA)”, a aula magna do período letivo 2021.2, com o tema “Arquivologia no Brasil: desafios e oportunidades”, que será ministrada pelo professor e arquivista Charlley Luz. O evento também conta com a participação dos docentes da UEPB, Eliete Correia dos Santos, Josemar Henrique de Melo e Ramsés Nunes.
De acordo com a coordenadora do curso de Arquivologia, professora Eliete Correia dos Santos, a iniciativa busca evidenciar o papel do arquivista não somente do ponto de vista técnico, mas, sob a perspectiva social e lançar luz sobre um problema atual enfrentado pela arquivologia brasileira que é a desvalorização do Arquivo Nacional.
“Convidamos o professor Charlley, que está engajado num movimento nacional de associações de arquivistas e coordenações de cursos de Arquivologia, do qual também fazemos parte, em defesa do Arquivo Nacional. Recentemente a entidade teve a nomeação de um militar sem nenhuma formação em gestão de documentos para atuar como gestor da Instituição. Então pensamos que esse debate é importante porque há uma preocupação quanto ao destino dos documentos relacionados, por exemplo, aos militares, e com relação à transparência desses dados. Esta questão da democracia, dos direitos, da transparência pública é importante para o curso de Arquivologia e a gente precisa lutar por isso. Falar do mercado de trabalho é importante, mas, também é necessário tratar dessa questão importante de conscientização do que seja a arquivologia e o papel do arquivista”, explica a professora Eliete.
O evento é voltado a estudantes, docentes, arquivistas e demais profissionais da UEPB e de outras instituições interessadas na temática.
Sobre o Arquivo Nacional
Criado em 1838 o Arquivo Nacional é a instituição arquivística mais importante do país. É responsável pela conservação e acesso a um acervo de 55 quilômetros de documentos textuais, além de milhares de documentos audiovisuais. Paralelamente, tem a obrigação legal de atuar na gestão dos documentos de todo o Poder Executivo Federal. Na sua estrutura, funciona o Conselho Nacional de Arquivos, incumbido da política nacional de Arquivos e órgão central do Sistema Nacional de Arquivos.
Recentemente, foi nomeado para o cargo de diretor-geral do órgão o atirador esportivo Ricardo Borda D’Água de Almeida Braga, o que provocou um manifesto de mais de 60 instituições do país e a abertura de um processo junto ao Ministério Público Federal (MPF) para investigar a nomeação de um profissional sem experiência em gestão de documentos para uma função dessa natureza.
A preocupação de entidades da área e MPF está fundamentada no fato de que o Arquivo Nacional deve ter sua atuação direcionada ao cumprimento de um dupla função para o Estado e a sociedade brasileira, tanto na gestão dos documentos de arquivo que são produzidos em todos os órgãos federais, quanto na salvaguarda e acesso de acervos de importância fundamental para a história.
Dentre os documentos que estão sob a guarda do Arquivo Nacional encontram-se, por exemplo, as correspondências e as legislações originadas em todo o império ultramarino português, os arquivos trazidos com a corte de D. João VI em 1808, documentos originais da Constituição de 1824 e da Lei Áurea. E ainda, um acervo que pode ajudar a rememorar o início do período republicano, um material sobre a ditadura militar, materiais referentes à fotografia, cinema e demais artes do país, dentre outros. Enfim, o local possibilita o acesso a informações sobre o desenvolvimento da sociedade brasileira e a gestão desse patrimônio tem sido a preocupação de pesquisadores e entidades da arquivologia e áreas afins.
Texto: Juliana Marques