BioInova: projeto que conta com a atuação de pesquisador do Câmpus V alia tecnologias e desenvolvimento sustentável
Enquanto o mundo volta os olhos para Belém do Pará, cidade que sedia a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a Paraíba tem uma agenda de sustentabilidade pautada pela ciência, tecnologia e inovação. Um exemplo dessas iniciativas é o projeto BioInova – Inovações para o Desenvolvimento Sustentável, realizado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq) e UFPB. A iniciativa está mapeando e diagnosticando o estoque de carbono e a biomassa aérea do território paraibano, com destaque para a Caatinga, uma ecorregião. O projeto alia metodologias de campo a ferramentas de ciência de dados e inteligência artificial para mensurar o potencial de carbono da vegetação nativa e, assim, abrir caminho para a inserção do estado no mercado de créditos de carbono.
O professor Cleber Salimon, ecólogo do Câmpus V da UEPB é um dos pesquisadores à frente do projeto. Ele explicou que a equipe vem desenvolvendo um mapa de estoque de carbono para todo o estado, com base em coletas de campo e dados de satélite. “Existem estimativas globais para florestas tropicais, mas não há dados detalhados para o semiárido. Estamos fazendo medições em áreas conservadas e degradadas, analisando diâmetro e altura das árvores para entender quanto carbono está armazenado na vegetação da Caatinga”, detalha.
O pesquisador destaca que a Caatinga da Paraíba, frequentemente subestimada, é uma floresta sazonalmente seca, com grande capacidade de regeneração. “Muitas áreas degradadas estão voltando a crescer. Nosso objetivo é compreender o quanto essas florestas estão absorvendo de carbono da atmosfera e incorporando à biomassa”, explica Cleber, ressaltando que o estudo fornece base científica para políticas de restauração e de compensação ambiental.
Além do viés ecológico, o BioInova se propõe a unir ciência e economia. “O projeto permite que municípios e proprietários rurais compreendam quanto carbono está estocado em suas áreas e, a partir disso, possam captar recursos por meio do mercado de créditos de carbono”, afirma Cleber. Ele lembra que essa é uma forma de aliar desenvolvimento econômico à conservação ambiental, beneficiando tanto os ecossistemas quanto as populações locais.
Para o professor, o investimento do Governo da Paraíba é “um sinal claro da percepção dos atuais gestores sobre a importância da conservação aliada à sustentabilidade econômica”. Ele reforça que as ações de restauração e manutenção da vegetação nativa trazem impactos diretos à agricultura: “Ter uma floresta, mesmo pequena, próxima à lavoura aumenta a produtividade, pois abelhas e vespas que vivem nesses ambientes polinizam as plantações. Setenta e cinco por cento dos alimentos vegetais que consumimos dependem de insetos polinizadores.”
Texto: SECTIES
Fotos: Mateus de Medeiros
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