6ª Mostra Memória Cultural Junina de Arquivologia discute a seca e as desigualdades sociais do nordeste
Alegria e reflexão, fartura e miséria, protesto e comemoração, são termos que apesar de serem antagônicos integraram a mesma discussão, durante a 6ª edição da Mostra Memória Cultural Junina, realizada nesta quinta-feira (20) no Campus V da Universidade Estadual da Paraíba, em João Pessoa.
O evento, organizado pelos estudantes do 1º período do curso de Arquivologia da UEPB, sob a orientação do professor Henrique França, contou com stands destinados a comidas típicas, religiosidade, música e dança, além de um espaço novo em relação às demais edições, que era o stand denominado “Protesto Junino”.
Além dos stands com a exposição relacionada a cada tema, a programação da mostra contou ainda com uma mostra de vídeo, oficinas de dança e religiosidade, gincana junina, apresentações culturais e concurso de Forró, com a participação de estudantes, docentes e técnico-administrativos do Campus V.
O stand de gastronomia mostrava o contraste que pode ser notado principalmente no sertão do Estado, com a fartura das comidas típicas na mesa de parte da população, e a fome e a miséria que marcam a situação de seca vivida por muitos paraibanos.
“Nós trouxemos não só a canjica, pamonha, milho verde, mas o suco de palma, para mostrar algo que está sendo utilizado para saciar a fome do povo, mesmo com o preconceito de muitas pessoas que consideram a palma como alimento apenas para o gado. Além disso, apresentamos algumas possíveis soluções para a seca como medidas de irrigação, dessalinização da água, atitudes que podem trazer dias melhores para o povo nordestino”, destaca o estudante do 1º período de Arquivologia Edvan da Silva.
Já na oficina de religiosidade, os estudantes que ministraram a tarefa discutiram como os religiosos realizavam protestos sociais. E o stand “Protesto junino”, teve o mesmo tom de reflexão ao discutir os problemas que há anos fazem o povo nordestino sofrer.
“Para nós, que seremos profissionais da informação, que trabalham com a memória, é importante resgatar a nossa tradição e cultura, presentes nos festejos juninos. Mas, também temos que pensar nas questões que nos afligem. A seca afeta o povo nordestino há anos e o Governo não toma medidas definitivas para resolver esse problema. Estamos cansados de medidas paliativas! Enquanto o nosso dinheiro é gasto com construção de estádios e investimentos na Copa, o povo do sertão morre de fome e sede, não podemos aceitar essa situação!”, protesta a estudante Bárbara Carvalho, do 1º período de Arquivologia.
De acordo com o professor Henrique França, a temática “Protesto Junino” marcou a organização dos stands e atividades do evento, como uma forma de aliar a alegria dos festejos juninos à força de mobilização do nordestino. “Muito antes destas mobilizações de rua aparecerem, nós já pensávamos nessa temática e com o movimento de reinvindicações que tomou conta do país nossa ação ganhou um fôlego maior. O nosso grande desafio nesta edição do evento foi suscitar uma reflexão sobre os problemas que vivenciamos sem perder a alegria que marca os festejos juninos”, explica o docente.
O professor Henrique lembra ainda que todas as atividades do evento são fruto da pesquisa dos estudantes, que se dedicaram para produzir os stands e organizar as ações, com embasamento e conteúdo.