Centro de Humanidades promove debate sobre a importância das mulheres nos espaços de poder

27 de agosto de 2018

Com o objetivo de contribuir para a desconstrução do processo histórico de discriminação social pautada no gênero, o Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), situado em Guarabira, promoveu, na última sexta-feira (24), a mesa redonda A importância da mulher nos espaços de poder. O evento reuniu professores e estudantes do Centro de Humanidades (CH), além de cidadãos da comunidade em geral interessados pelo tema em foco.

Tratou-se de uma iniciativa do Centro Acadêmico de Geografia Milton Santos (CAGEO), em parceria com o movimento Juventude de Luta. A discussão sobre a problemática contou com as contribuições da diretora do CH, professora Ivonildes da Silva Fonseca; da vereadora do município de João Pessoa, Sandra Marrocos; da estudante de Direito do Campus III, Najila Martins, que mediou o debate; e dos Coletivos Violeta Formiga e Pagu, representados, respectivamente, por France Nunes e Ana Beatriz Vieira Gonçalves.

Numa mesa composta por cinco vozes femininas, o debate abordou o histórico de lutas protagonizadas pelas mulheres em prol de seus direitos ao longo do tempo, ressaltando o embate pelo exercício de votar e pela ocupação de cargos de representação política. A estudante France Nunes, do Curso de História, destacou em sua fala que “não existe sociedade democrática onde há discriminação e preconceito de gênero”. Para ela, “cabe as mulheres mudar essa realidade, sendo fundamental, para isso, que se tornem sujeitos políticos de suas histórias”.

Ana Beatriz chamou atenção para o fato de que é necessário discutir a importância das mulheres em todos os espaços. “A primeira pergunta que fazemos é: quantas de nós mulheres ocupamos espaços de poder em nossas relações socais? Além disso, somos o tempo todo, em nosso ambiente de trabalho ou estudo, questionadas simplesmente pelo fato de sermos mulheres, como se tal condição nos condicionasse à incapacidade profissional. Infelizmente, diariamente necessitamos defender nossos direitos, principalmente o de viver, pois nem tudo que conquistamos até hoje é desenvolvido na prática”, relatou a representante do Pagu.

A vereadora Sandra Marrocos destacou que a participação das mulheres nos espaços de poder é uma conquista que cotidianamente precisa ser reafirmada diante de posturas e condutas machistas.  “As diferenças de gênero foram construídas historicamente e sempre em prejuízo das mulheres. O respeito entre homens e mulheres deveria ser mútuo para que tenhamos uma sociedade igualitária. Numa tribuna, a saúde mental da mulher é testada constantemente, pois quando um homem grita é sinônimo de forte, mas quando uma mulher altera a voz é taxada de descontrolada.

Discorrendo sobre a relevância do poder em todas as instâncias, não apenas na esfera oficial da representação política, a professora Ivonildes iniciou sua explanação com os seguintes questionamentos: O que é o poder? Onde está o poder? Como se manifesta o poder? Qual a relação da mulher com o poder?. Utilizando-se das concepções de alguns filósofos, principalmente do francês  Michel Foucault, a docente frisou: “O pode deve ser analisado como algo que funciona em cadeia, que se exerce em rede. O poder é relacional e gera tensões, resistências. Juntas, as mulheres têm poder para provocar mudanças, independentemente de estarem ou não no parlamento”.

 

 

Simone Bezerrill/Ascom-CH

Fotos: CAGEO