Com o advento da pandemia de covid-19 e as vacinas se tornando a principal esperança de superação deste cenário pandêmico, a corrida para o desenvolvimento de fármacos que auxiliassem no enfrentamento a essa realidade fez com que, ainda em 2020, fosse autorizado o uso emergencial de algumas vacinas, como a da Pfizer, a primeira autorizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ao mesmo tempo, desenvolveu-se o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou como sendo uma infodemia, uma pandemia de notícias falsas sobre a covid-19 e a respeito dos imunizantes.
Diante dessa conjuntura, a professora do curso de Ciências Biológicas do Câmpus V, Daniela Santos Pontes, desenvolve o projeto de pesquisa “Análise e revisão científica do potencial das vacinas de RNA e sua utilização no enfrentamento à covid-19”, aprovado no edital do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), cota 2021/2022. A iniciativa consiste em uma revisão e análise bibliográfica de artigos científicos, teses e dissertações, com enfoque nas vacinas Pfizer-BioNTech e a da Moderna, aprovadas para uso emergencial no enfrentamento à covid-19.
Segundo a professora Daniela Pontes, que é doutora em genética e pós-doutora no Institut National de la Recherche Agronomique (INRA-França), essa é uma área de pesquisa de interesse que possibilita analisar os históricos, princípios, formas de ação, aplicações e a importância das vacinas de RNA como estratégia para o enfrentamento às pandemias virais nos últimos dez anos, enfatizando a atual pandemia.
“Trabalhei com vacinas no meu mestrado e durante o meu pós-doutorado. Diante da pandemia da covid-19, da desinformação sobre vacinas e o negacionismo pela ciência, principalmente no que se refere ao receio de muitas pessoas em tomarem as vacinas que usavam novas plataformas, como as vacinas de RNA mensageiro, veio a ideia de realizarmos uma revisão bibliográfica sobre o assunto. Principalmente para descrever o que são as vacinas de RNA mensageiro, mostrar que os estudos com essa metodologia já vinham sendo realizados há mais de 25 anos”, explica a pesquisadora.
O projeto conta com a participação da estudante do 4º período de Ciências Biológicas, Ellen Cristina Silva. Segundo Ellen, o que mais lhe chamou a atenção foi a oportunidade de entender a funcionalidade das vacinas de RNA mensageiro, devido ao momento delicado que o mundo está enfrentando. “Preparar um projeto desse com informações precisas e necessárias sobre esse atual momento que estamos vivendo é extremamente importante tanto academicamente quanto para a comunidade compreender e obter informações necessárias sobre tal assunto”, avalia.
O RNA mensageiro é uma molécula que todos os organismos vivos produzem. Ele transporta a informação contida nos genes para ser traduzida em proteínas nas estruturas celulares chamadas de ribossomos. Diferentemente das vacinas convencionais, que são baseadas em vírus inativados ou vivos atenuados, as vacinas de RNA mensageiro são desenvolvidas e produzidas rapidamente, de forma sintética e não-infecciosa. As vacinas de RNA mensageiro da covid-19 carregam parte do RNA do vírus Sars-Cov-2 que é responsável pela informação que produzirá a “proteína spike”. Essa proteína é usada pelo vírus para invadir as células humanas. Esse RNA da formulação vacinal será lido pelos ribossomos das pessoas e a proteína produzida irá estimular uma resposta imune que as protegerá de futuras infecções pelo vírus.
A expectativa da professora Daniela Pontes é que esse projeto seja uma pesquisa objetiva, com o máximo de informações possíveis e que consigam gerar um material de informação científica para uma futura publicação. Essa pesquisa irá tornar fácil o entendimento de como funcionam as vacinas de RNA mensageiro, principalmente as utilizadas no enfrentamento da pandemia da covid-19 de forma que, após a sua publicação, a população possa ter acesso a todas as principais informações sobre o tema em um único lugar. Por enquanto, o projeto – que corresponde a uma análise científica – segue em fase inicial, com levantamentos bibliográficos e análise de artigos já publicados.
Texto: Bianca Sousa (Estagiária)