UEPB desenvolve ações de ensino, pesquisa e extensão com foco no acolhimento e inclusão de pessoas idosas
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a população idosa chegará à marca de 2 bilhões de pessoas em 2050. No Brasil, conforme informações do Ministério da Saúde, em 2030 a população idosa será a quinta maior do mundo, sendo superior à quantidade de crianças. Diante desses dados, na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) diversas ações pioneiras têm sido desenvolvidas com foco no acolhimento às pessoas idosas, tais como pesquisas de iniciação científica, projetos de extensão e, especialmente, com a Universidade Aberta à Maturidade (UAMA), em atividade desde 2009.
No que se refere à UAMA, as aulas tiveram início com cinquenta idosos e hoje a Universidade possui 165 matriculados. Para o criador e coordenador da UAMA, professor Manoel Freire, os dois anos que o discente idoso permanece nas atividades da UAMA promovem qualidade de vida para essas pessoas, lhes possibilitando novos hábitos, empoderamento e liberdade, além do convívio social com outras pessoas da mesma faixa etária.
Durante a pandemia as aulas não foram interrompidas, sendo oferecida a qualificação para que os idosos se familiarizassem com o formato de aulas na modalidade on-line. Ainda de acordo com o coordenador da UAMA, esse é um curso especial, voltado não só para a educação, mas, para as condições do envelhecimento humano, pois este processo vem sendo transformado ao longo dos anos.
Outra iniciativa desenvolvida na UEPB com foco nas pessoas idosas é o projeto de extensão “Conectiv-Idades 60+: promovendo saúde mental e inclusão digital de pessoas idosas”, aprovado na cota do edital do Programa de Concessão de Bolsas de Extensão (PROBEX), vigência 2022/2023. A coordenadora do projeto, a professora Josevânia Silva, que vem desenvolvendo pesquisas voltadas para o processo de envelhecimento humano e longevidade, explica o processo de transição demográfica e envelhecimento populacional que ocorre no Brasil e no mundo. Para a docente, que é psicóloga, a problemática se apresenta quando se percebe que o envelhecimento populacional não foi acompanhado de avanços em termos de políticas públicas e direcionamentos que possibilitem uma longevidade com qualidade de vida.
A partir deste panorama, com o intuito de minimizar os desafios advindos do envelhecimento e acolher os idosos diante do cenário de pandemia, o Conectiv-Idades 60+ foi criado no final do ano de 2020, como uma ferramenta online, que tornaria possível criar um grupo com o objetivo de garantir aos participantes um espaço de fala, de verbalização, de promoção de saúde mental, de enfrentamento à solidão e, ao mesmo tempo, que incluísse as pessoas idosas no mundo digital. As atividades do grupo são inteiramente mediadas pela coordenadora do projeto e pelos estudantes da graduação em Psicologia da UEPB.
No grupo são apresentadas dinâmicas, músicas, e até mesmo os relatos de vida dos integrantes, com questões mediadas pela psicóloga e estudantes de psicologia, para que, através desses estímulos as necessidades de cada um sejam verbalizadas. “É um momento para rir, dar suporte um ao outro. De certa forma o grupo acaba também contribuindo ao enfrentamento à solidão ao mesmo tempo em que é uma ferramenta de inclusão digital. E a gente trata temas sobre esses aspectos, mas, tem esse caráter de ser um grupo de ajuda mútua”, complementa a coordenadora.
Para a psicóloga Josevânia o uso dessas ferramentas contribui de forma positiva para a saúde mental, para a promoção do bem estar e da qualidade de vida, “esses efeitos tem relação com o sentido que os idosos dão para essas ferramentas”. Além disso, a coordenadora do Conectiv-Idades 60+ lembra que as tecnologias tornam-se imprescindíveis inclusive para o desenvolvimento de atividades cotidianas. “Hoje para você ter acesso a um benefício, como, por exemplo, o auxílio emergencial, é necessário ter um celular, ter acesso à Internet”, avalia.
De acordo com a pesquisadora, a pandemia evidenciou ainda mais a necessidade de inclusão digital, não só da população idosa, mas, da sociedade de uma maneira geral, devendo, portanto, ser pensada como um direito fundamental, visto que é essencial “para que se possa pensar melhor a qualidade de vida das pessoas nos mais diversos aspectos em termos de benefícios no acesso à educação, à informação, à garantia de direitos, à realização de procedimentos, evitando a morosidade de muitos processos. Portanto, conectar a terceira idade é mais que acrescentar anos à vida, é acrescentar, principalmente, vida aos anos, falando de velhice, enfrentando preconceitos, estereótipos e pensando em um lugar melhor para envelhecer, conclui a docente.
Recentemente, houve um avanço significativo no número de idosos com acesso à Internet. Segundo dados da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, o percentual de pessoas com mais de 60 anos no Brasil navegando na rede mundial de computadores cresceu de 68%, em 2018, para 97%, em 2021. Tais recursos surgem como importantes ferramentas para combater a solidão e inclusão de pessoas idosas numa sociedade em que o digital é uma realidade.
Texto: Débora Macedo (Estagiária)
Foto: Reprodução Sala Virtual