Projeto planeja avaliar qualidade de vida de cuidadores de idosos na região de Campina Grande
Um projeto de Iniciação Científica da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) está realizando um levantamento da qualidade de vida, sono e sexualidade de cuidadores de idosos com demência. A proposta, desenvolvida no Departamento de Fisioterapia da UEPB, além de obter dados científicos relevantes, foi uma maneira de ajudar remotamente uma parte do público de projeto de extensão que, devido à pandemia, está temporariamente afastada do serviço.
“Avaliação da qualidade de vida, sono e sexualidade de cuidadores de idosos com demência” é o nome do projeto coordenado pela professora Valéria Ribeiro Nogueira Barbosa, do Departamento de Fisioterapia da UEPB, que também conta com a estudante Helena Thayanne Valdevino Marques, aluna do 6º período, que pretende fornecer para a comunidade científica e público interessado, informações e dados a respeito das características avaliadas.
A atual proposta teve origem a partir de um projeto de extensão também coordenado pela professora Valéria, o “Neurosard Alzheimer: cuidado do paciente com demência e seu cuidador”, que existe desde 2012 na UEPB. A docente explica que o projeto de extensão era voltado mais especificamente para a parte física dos pacientes, objetivando especialmente a prevenção de queda entre os idosos, orientar os cuidadores a realizar exercícios de equilíbrio e, de forma geral, melhorar a qualidade de vida física. Com o tempo, viram que o cuidador também precisava de atenção, pelo lado físico e também emocional.
“Tivemos experiências riquíssimas. Promovíamos rodas de conversa, víamos a evolução física e mental dos pacientes, e o nosso lema era: amor, atenção e carinho”, relata Valéria Ribeiro, com empolgação. Contudo, com a interrupção das atividades presenciais por causa da pandemia, a docente pensou em como se relacionar com esse público de forma remota. “Seria muito difícil trabalhar de forma on-line com idosos em processo de demência, porém vimos que poderíamos nos comunicar com seus cuidadores e avaliar sua qualidade de vida”, afirmou a pesquisadora.
As condutoras do projeto explicam que o cuidador pode ser tanto formal quanto informal. Ele pode ser um profissional com contrato de trabalho ou um familiar do idoso. O projeto de extensão atendia a ambos e a pesquisa deseja obter dados das duas modalidades. “Com o contato com o cuidador, mesmo on-line, indiretamente, cuidaríamos também dos pacientes, pois um cuidador saudável será mais acolhedor e desempenhará melhor suas atividades”, relata a professora Valéria.
Proposta da pesquisa
O objetivo da pesquisa é realizar um levantamento sobre a qualidade de vida, sono e sexualidade de cuidadores de idosos com demência e relacionar esses aspectos com a carga gerada pelo cuidado. Podem participar da pesquisa cuidadores principais, seja formal ou informal, de idosos em processo demencial que residam na cidade de Campina Grande ou região circunvizinha e que possuam idade a partir de 18 anos. Devido à pandemia e vulnerabilidade de contágio do público, a pesquisa está sendo desenvolvida por meio de formulário eletrônico do Google. Para participar, o cuidador interessado receberá acesso aos links de dois formulários, demandando para resposta um tempo máximo de 30 minutos.
A estudante Helena Marques informou que a coleta de dados foi iniciada no mês de fevereiro a partir da divulgação da pesquisa nas redes sociais. Devido à dificuldade de acesso remoto de muitas pessoas, o retorno ainda está sendo pontual. Segundo a aluna, de acordo com o cálculo amostral realizado, tendo como base a população de Campina Grande, foi estimado que é necessário a participação de pelo menos 67 cuidadores para se obter informações que representem a população geral de cuidadores da região.
De acordo com a literatura da área, as questões analisadas na pesquisa, como qualidade de vida, sono e sexualidade, são afetadas negativamente pela carga gerada pelo cuidado. “Além disso, a depender da existência de vínculo empregatício ou parentesco entre cuidador e o idoso com demência, essas variáveis podem ser afetadas ainda mais. Diante disto e considerando que existe uma escassez de dados referentes à saúde de cuidadores, principalmente no Brasil e na região Nordeste. Achamos muito importante realizar uma pesquisa que busca justamente obter dados sobre a saúde geral de cuidadores”, explicou Helena.
A estudante ainda acrescenta que, atentando a questões mais abrangentes, como sono e sexualidade, é possível que futuramente sejam criadas mais ações de apoio para esse público, que ademais dos idosos, também necessitam de um olhar, uma vez que os pacientes com quadro demencial necessitam de atenção especial e a qualidade do cuidado pode ser melhorada se os cuidadores obtiverem uma rede de apoio.
Ética e consentimento
Para participar da pesquisa, os cuidadores precisam assentir com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), um documento de proteção ao participante que contém a descrição da pesquisa desde objetivos principais e secundários, metodologia de coleta de dados até risco e benefícios. Em síntese, o termo oferece uma descrição sobre a pesquisa que vai ser realizada e a partir desse documento o participante concede, voluntariamente, sua participação, podendo retirar, em qualquer fase, a sua autorização, sem que haja qualquer dano para o mesmo.
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade de Estadual da Paraíba (CEP/UEPB), permitindo que possa ser realizada de acordo com a metodologia proposta.
Para participar, os interessados podem entrar em contato com as pesquisadoras pelos e-mails valeriarnbccbs@servidor.uepb.edu.br, helena.marques@aluno.uepb.edu.br, ou com a aluna Helena Thayanne, pelo número (83) 99377-0070. A estudante explicará sobre o TCLE que deve ser assinado voluntariamente pelo cuidador. Em seguida, serão encaminhados os links de acesso aos formulários. Os dados coletados serão mantidos em confidencialidade e sigilo, de acordo com o que preconiza a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.
Texto: Juliana Rosas
Fotos: Arquivo/Divulgação
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