21ª Reunião da Sociedade Nordeste/Norte de Pesquisa Odontológica discute uso de tecnologias no diagnóstico bucal
O uso da tecnologia e de recursos cada vez mais avançados nos tratamentos odontológicos e sua aplicação no Sistema Único de Saúde (SUS) tomou conta da agenda de discussões no primeiro dia da 21ª Reunião da Sociedade Nordeste/Norte de Pesquisa Odontológica, promovida pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGO). O evento, realizado na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), reúne até quarta-feira (13) quase 500 pessoas entre estudantes de pós-graduação, professores e cirurgiões dentistas de importantes instituições do Norte/Nordeste.
Na programação constam apresentações orais, de painéis, apresentação de vídeo-abstract e mesas redondas com temas ligados aos impactos da pós-graduação e sua visibilidade. A primeira atividade do evento foi a mesa redonda “O impacto de inovações tecnológicas e mídias no diagnóstico de patologias orais”, conduzida pelos professores Danyel Elias da Cruz Perez, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Paulo Rogério Ferreti Bonan, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); e pela professora Éricka Janine Dantas da Silveira, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A atividade foi mediada pelo professor da UEPB, Sérgio D’Avila Cavalcanti.
Ao abrir o debate, professor Danyel Elias falou sobre o uso de tecnologias para o uso de lesões bucais, sobretudo na especialidade de Patologia Oral. Em sua explanação, ele mostrou como as lâminas digitalizadas e scaneadas podem ser utilizadas para o ensino, para a pesquisa e para o diagnóstico, ressaltando que, no ensino, a vantagem é que essa tecnologia torna o aprendizado mais atrativo, visto que os alunos são mais familiarizados com as ferramentas modernas. Para o diagnóstico, a vantagem é permitir aos patologistas fazer interconsultas e emitir opiniões apenas com o acesso à internet. Danyel enfatizou que a tecnologia tem sido atualizada e aperfeiçoada a cada dia, caminhando para revolucionar os tratamentos odontológicos no país, especificamente no diagnóstico de lesões do tecido mole da boca.
O uso das mídias digitais auxiliando no diagnóstico foi abordado pelo professor e cirurgião Paulo Rogério Ferreti Bonan, que citou algumas experiências na UFPB, a partir do emprego das tecnologias aplicadas. Ele destacou que, hoje, os novos odontólogos já estão utilizando diversas plataformas nos tratamentos, a exemplo do youtube e das próprias redes sociais como o WhatsApp e Instagram, o que tem favorecido o tratamento. Além de permitir uma comunicação melhor entre o cirurgião-dentista e o paciente, essas ferramentas, segundo ele, favorecem a troca de experiências entre os profissionais. “Nós temos feito uso dessas plataformas, fazendo uma comunicação direta não somente com os colegas, mas também com os pacientes. E tem sido uma ferramenta muito útil, que tem nos auxiliado”, enfatizou.
Já a professora Éricka Janine abordou a utilização de tecnologias no aperfeiçoamento de diagnóstico de lesões orais. Ela tratou especificamente do uso de modernas tecnologias de imagens, que têm auxiliado o cirurgião-dentista no diagnóstico. Para Éricka, o uso das novas tecnologias tem contribuído bastante para o aperfeiçoamento do diagnóstico de doenças orais. As redes sociais, segundo ela, têm possibilitado a realização de consultas com eficácia por profissionais que muitas vezes estão em locais distantes do paciente.
Um dos focos do evento é conhecer e debater as mais recentes pesquisas realizadas dentro das pós-graduações das regiões Norte e Nordeste no campo odontológico. A conferência “Impacto das pesquisas da Pele da Tilápia realizadas nas Pós-Graduações do Norte e Nordeste na Sociedade”, proferida pela professora Ana Paula Negreiros Nunes Alves da Universidade Federal do Ceará (UFC), mostrou como os estudos científicos podem melhorar a vida das pessoas que dependem dos serviços públicos. Ela ressaltou que essa pesquisa ganhou visibilidade nacional e internacional pelos resultados alcançados com o tratamento de pacientes que sofreram queimaduras de 2º grau, superficial e profundo.
A tecnologia simples, segundo ela, assegura a cicatrização na pele humana das lesões causadas pelas queimaduras. A professora disse que o sucesso da pesquisa abriu o horizonte para a utilização da pele da tilápia para outras especialidades, como a Odontologia, e mostra como a produção científica surgida nas universidades pode impactar na população. Dentro da programação, e simultaneamente às conferências, foi realizada a reunião com os coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Odontologia das regiões Nordeste e Norte com a Coordenação da Área de Odontologia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Presidente da reunião, a professora da UEPB, Daniela Pita de Melo, disse que os coordenadores debateram sobre o que vem sendo feito nos programas de pós-graduação para contemplar a ficha de avaliação imposta pela Capes e procuraram ainda mostrar qual o impacto desses programas para a sociedade. A meta foi traçar estratégias para alcançar o nível de excelência, visto que não existe nenhum programa com nota 6 no Norte e Nordeste. No total, 12 coordenadores participaram da reunião, que terminou com um debate na parte da tarde. Daniela enfatizou que a pós-graduação da UEPB está em fase de consolidação, havendo uma vontade da Universidade em fazer políticas de incentivo, visto que existe potencial para melhoras.
Com conceito 4 da Capes e 10 anos de existência, o programa da UEPB conta com Mestrado e Doutorado, qualificado quadro de docentes e busca avançar na política de internacionalização. “Nós estamos em um momento crescente de destaque dentro da nossa Instituição”, frisou Daniela. Presidente da Sociedade Nordeste Norte e Pesquisa Odontológica e coordenador geral do evento, o professor Sérgio D’Avila Cavalcanti ressaltou que, durante os três dias de atividades, os professores convidados vão debater sobre a visibilidade da pesquisa na pós-graduação e sua inserção social.
Sérgio D’Avila observou que o uso da tecnologia pode representar diminuição de custos sem comprometer a qualidade do diagnóstico. “Estamos democratizando o ensino da Odontologia. As mídias sociais estão inseridas nas nossas vidas e precisamos discutir isso na Odontologia”, salientou o professor. A chefe do Departamento de Odontologia, professora Nadja Maria da Silva Oliveira, classificou toda a discussão promovida no evento como atual e em consonância com o conceito de saúde 4.0, que consiste em utilizar recursos tecnológicos no atendimento médico.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Paizinha Lemos
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