Câmpus III da Universidade Estadual realiza evento marcando o “Ano Cultural Jackson do Pandeiro”

13 de março de 2019

Muito coco, xaxado, rojão e embolada fizeram do Câmpus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado em Guarabira, palco de um encontro de ritmos, para recordar aquele que era conhecido por ser o rei deles, Jackson do Pandeiro. O mestre das divisões, das quebradas rítmicas nos versos e nas palavras, foi lembrado pelo seu centenário em uma programação de acolhida aos feras que ocorreu durante toda a segunda-feira (11).

Denominada “O CH no Ritmo Jackson do Pandeiro”, a iniciativa, organizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi-Guarabira), Centros Acadêmicos (CAs) e Biblioteca Setorial, recebeu bastante adesão da comunidade acadêmica. Dentre os presentes à ocasião estavam a diretora do Centro, Ivonildes da Silva Fonseca, o pró-reitor de Cultura da UEPB, José Cristóvão de Andrade, uma das curadoras da área de Cordel do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), Joseilda Diniz, o cartunista Fred Ozanan, o pesquisador Chico Nóbrega e o ativista cultural Severino Antônio da Silva, conhecido em Alagoa Grande, terra de Jackson, como Bibiu do Jatobá.

Pela manhã houve a exibição do vídeo “Jackson do Pandeiro e a Mulher Negra”, tendo como expositoras a graduanda Maria do Carmo da Silva, a professora Ivonildes da Silva Fonseca e a pedagoga Flaviana Barbosa, com mediação de Sheila Gomes. A declamação do cordel “Centenário de Jackson do Pandeiro”, com o professor Vicente Barbosa, foi um espetáculo à parte dentre as atrações matutinas. Já no período da tarde, procedeu-se com a veiculação do vídeo “Jackson do Pandeiro, Educação e Umbanda”, com o doutorando Daniel de Oliveira e o professor Waldeci Ferreira Chagas.

À noite, as apresentações musicais ficaram por conta dos professores do Centro Artístico Cultural (CAC) da Instituição, Caio César, Erivan Ferreira e Luizinho Calixto. Um dos pontos altos da oportunidade, sem dúvida, foi a exibição de Isaías Vicente, também morador de Alagoa Grande, encantando a plateia com uma performance que contemplava vários sucessos de Jackson. O poeta Neto Ferreira, igualmente, integrou o evento com diversas declamações.

A atividade também dispôs de um bate papo com Luizinho Calixto discorrendo acerca da vida e da obra de Jackson, contando ainda com exposições e painéis, sempre alinhados ao tema “Zé Jack” – como se autoalcunhava Jackson, inspirado em Jack Perry, seu artista favorito dos filmes de faroeste – e teve o apoio da Prefeitura de Alagoa Grande.

Jackson por Jackson

Conheça mais sobre o artista através de citações extraídas da biografia “Jackson do Pandeiro: O Rei do Ritmo”, de autoria de Antônio Vicente e de Fernando Moura, este último um dos curadores da área de Música do MAPP.

  • “Eu sempre quis mesmo ter nascido na Paraíba, porque se não tivesse nascido por lá talvez as forças divinas não tivessem me dado o dom que deram”.
  • “Mãe, agora não precisa mais de seu João Feitosa nem de ninguém. Eu já sei tocar o bumbo…”. [Antes de completar sete anos, quando a mãe, coquista, desesperou-se por não ter quem a acompanhasse em uma apresentação].
  • “Tocar pandeiro e filme de bangue-bangue. Tem coisa melhor na vida, ô gente?”
    -“Nunca entrou na minha cabeça tocar ritmo estrangeiro…”.
  • “O meu negócio era gostar de ritmo, eu queria fazer ritmo, não tinha conversa…”.
  • “Eu saía de um programa e ia para outro com apenas quinze minutos de folga. Foi uma loucura. O forró tomou conta do Sul”.
  • “Não invejo ninguém. Ou melhor, só invejo quem tem muita instrução ou toca muito bem o acordeon. Aí eu fico com os quatro pneus arriados…”.
  • “Já me chamaram para gravar ritmo estrangeiro, mas eu só faço Brasil mesmo.”
  • “Sucesso que eu digo não é uma música tocar muito no rádio, não. É quando ela toca no país todo… Em qualquer biboca que você chegar, em beira de estrada, o danado tá tocando. Isso é sucesso e eu posso dizer que fiz um bruto sucesso. Um sucesso retumbante”.
  • “Nem para ganhar bilhões, cantaria sem o meu conjunto”. [Jackson, ao declinar um convite para cantar em Portugal sem os músicos que lhe acompanhavam, para diminuir as despesas da produção].
  • “Em nosso país, o músico nunca tem vez. Trabalha muito, ganha pouco (…). O desemprego em massa de artistas de valor é consequência da falta de divulgação de nossa música. As rádios insistem nos sucessos estrangeiros. O resultado é que o povo se desacostuma em ouvir seu próprio ritmo (…). E do modo que vai, o Brasil acaba virando um país sem folclore”.
  • “Não fui acostumado a comer faisão, então fiquei no meu feijão. Qualquer coisa que viesse para mim tava bom”.
  • “A imprensa deveria fazer campanha para que a música brasileira volte a ser ouvida…”.
  • “Acho que tudo que o artista faz a gente tem o dever de gostar, porque um palco não é moleza.”.
  • “Fiz muito sucesso. Só não ganhei dinheiro”.

Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Neto Ferreira

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