Projetos e programas da UEPB estimulam uso consciente da água para o desenvolvimento da região

22 de março de 2018

Indiscutivelmente, água é essencial para a sobrevivência humana. Basta ver os benefícios da chegada, na Paraíba, das águas oriundas da transposição do Rio São Francisco. Desde que elas começaram a correr pelo solo paraibano, um novo cenário foi formado. O açude Epitácio Pessoa, que atravessou a pior crise de sua história, saiu do volume morto e ganhou novo aporte hídrico, favorecendo o fim do racionamento nas cidades abastecidas pelo reservatório.

No Dia Mundial da Água, comemorado nesta quinta-feira (22), o Fórum Mundial em Brasília propôs o debate sobre recursos hídricos no mundo. Só que muito antes da chegada das águas do São Francisco e da realização do Fórum Mundial, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através de diversos projetos e programas, já desenvolve várias atividades voltadas para a gestão hídrica de forma democrática, uso racional dos recursos hídricos, conservação das fontes renováveis e reúso da água.

Ao longo dos anos a Instituição tem explorado o tema e apresentado alternativas viáveis para garantir o uso racional e consciente da água. Uma das ações da UEPB é coordenada pela professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Weruska Brasileiro. Devido a sua preocupação com o tema, a professora Weruska representou a UEPB no 8º Fórum Mundial e mostrou o quanto a Universidade tem contribuído nesse campo. “Lutemos pela não privatização dos recursos hídricos e a independência da politica nas decisões técnicas para a segurança hídrica”, frisa Weruska.

O mais ousado projeto liderado pela professora consiste na construção da estação piloto de tratamento de água (ETA) dentro da Universidade que terá como objetivo desenvolver pesquisas voltadas à análise sobre a qualidade da água da região da Borborema. A iniciativa é fruto de uma parceria institucional entre a UEPB e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

“O foco da estação piloto é fazer análise detalhada que garanta a qualidade da água consumida pelos paraibanos. Teremos o tratamento convencional que consiste com a coagulação, floculação, decantação e filtração, mas, dependendo do resultado dessa avaliação, quanto menor for essa qualidade maior vai ser a questão do tratamento”, destacou a professora.

A construção da ETA é a segunda parte do projeto que foi iniciado há quase dois anos e que vem sendo desenvolvido a partir de estudos voltados à qualidade da água nas estações de tratamento existentes nas cidades de Esperança, Areia, Bananeiras, Lagoa Nova, Ingá, Itatuba e Campina Grande. A partir da consolidação desse novo espaço serão realizados estudos para o desenvolvimento de técnicas de tratamento de baixo custo para remover microrganismos patogênicos que são persistentes ao tratamento convencional.

Professora Weruska também é responsável pelo projeto “Água, saúde e educação”, que visa garantir a preservação da qualidade das águas dessalinizadas distribuídas nas comunidades rurais do semiárido da Paraíba. O projeto tem como objetivo o desenvolvimento de um programa de orientação em comunidades difusas do semiárido paraibano para a preservação da qualidade da água dessalinizada após armazenamento nas residências, a fim de reduzir os índices de doenças, e permitindo uma melhor convivência com os problemas de escassez hídrica, evitando o êxodo rural no semiárido da Paraíba.

Algumas ações do projeto foram desenvolvidas na cidade de Boa Vista e, no momento, está atuando no município de Juazeirinho. O foco da iniciativa é fornecer orientação em comunidades para estimular a conscientização da importância do uso do rejeito oriundo da dessalinização em atividades produtivas rurais, possibilitando geração de renda e alimento para as comunidades, promovendo o desenvolvimento e a sustentabilidade regional. O Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental também é responsável pela apresentação de uma alternativa para conter o avanço da contaminação da água do açude Epitácio Pessoa e evitar futuros danos a saúde dos paraibanos.

Trata-se de um projeto de produção de microalgas para fins de biocombustíveis. Intitulado “Estudo da potencialidade da geração de biocombustíveis a partir das microalgas cultivadas em esgoto doméstico”, o projeto desenvolvido há dois anos visa ampliar o alcance da rede de saneamento e até universalizar o serviço. Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a iniciativa prevê a transformação dos tanques de tratamento de esgoto em locais de cultivo de microalgas.

Água como instrumento para o desenvolvimento

A água também é objeto de estudo e pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR), através do Mestrado de Desenvolvimento Regional (MDR). O professor Cidoval Morais aponta pelo menos dois projetos do Mestrado que trabalha com a temática: o “Pró-integração”, desenvolvido em parceria com outras universidades e que visa debater a implantação de políticas públicas para a água, e o “Projeto Zika”.

Cidoval enfatiza que o problema do Nordeste não é falta de água, mas de gestão e distribuição corretas desse recurso natural. Nesse sentido, ele observa que uma das preocupações é garantir que a água do Rio São Francisco realmente chegue às comunidades carentes e afastadas, que realmente precisam, e não seja usada pelo agronegócio.

Em relação ao “Projeto Zika”, Cidoval destaca que os problemas hídricos têm favorecido o avanço da dengue e chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. A solução para esse problema, segundo ele, passa pelos investimentos em saneamento básico, assunto que tem sido amplamente trabalhado no MDR. Ainda nessa área, a UEPB conquistou recentemente uma patente por desenvolver um coagulante orgânico. O equipamento desenvolvido pelas professoras Elza Valesca Araújo, do Departamento de Química, e Weruska Brasileiro, visa diminuir, no tratamento de água, os malefícios para o meio ambiente e para o consumo da população.

Outras iniciativas da UEPB também têm trabalhado a temática da água. O Programa de Gestão Ambiental nas Empresas (PGAMEM), desenvolvido pelo Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), tem levantado um debate sobre o tema. O projeto “Dessalinizador Solar”, coordenado pelo professor Francisco José Loureiro, do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA), foi vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Água e/ou Meio Ambiente.

A tecnologia social premiada envolve o processo de dessalinização/desinfecção da água no interior do dessalinizador quando as altas temperaturas provocam a evaporação da água, a qual entra em contato com a superfície resfriada de vidro e condensa, voltando ao estado líquido, sem os sais ou contaminantes antes existentes na água. De acordo com o coordenador do projeto, foram desenvolvidas várias atividades com agricultores da região que reafirmaram os benefícios da pesquisa.

Destacando o Dia Mundial da Água, o reitor Rangel Junior ressalta as grandes contribuições que a UEPB tem dado nessa área e, consequentemente, ajudado a melhorar a vida dos paraibanos e o desenvolvimento da região.

“A UEPB tem dado uma significativa contribuição nessa área. Temos os programas de pós-graduação, mestrados, doutorados que trabalham a temática da água. A Universidade, como instituição pública, tem esse compromisso com o meio ambiente e seu recurso mais precioso e trabalhará cada vez mais para que as pesquisas nela desenvolvidas façam a diferença para melhorar o acesso da população a uma água de qualidade e seu consumo consciente”, enfatizou o reitor.

Texto: Severino Lopes

 

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