Câmpus I da Universidade Estadual da Paraíba recebe feira de produtos agroecológicos

6 de setembro de 2018

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Como forma de facilitar à população uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos, além de oferecer um novo espaço para que produtores rurais de municípios circunvizinhos a Campina Grande comercializem seus produtos, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) passa a sediar a Feira de Agroecológicos da Instituição, que acontecerá semanalmente, sempre às quintas-feiras pela manhã, na praça de alimentação do Centro de Ciências Sociais e Biológicas (CCBS), no Câmpus I.

A iniciativa ocorre através de uma parceria entre o projeto de extensão “Conhecemos o solo que pisamos? Troca de Saberes entre atores de diferentes realidades”, o programa de extensão “Agroecologia e o Diálogo de Saberes na Universidade: Ações do Núcleo de Extensão Rural Agroecológica em Territórios Paraibanos”, coordenado pelo professor Simão Lindoso de Souza, o Núcleo de Extensão Rural Agroecológica (NERA) e o Centro Vocacional Tecnológico (CVT).

Além de frutas, verduras e legumes, dentre os produtos comercializados também estão sendo oferecidos ovos e galinha de capoeira, leite e queijos de cabra, doces, vários tipos de feijões, favas, fubá de milho, carnes suína e bovina, mel de abelha, óleo de coco e até sabão artesanal, feito com óleo reciclado.

De acordo com o professor Simão Lindoso, a ideia é que este não seja apenas um espaço comercial, mas também uma oportunidade para manifestação cultural e para a troca de experiências, na qual a Universidade abre suas portas para que os agricultores e a sociedade estejam compartilhando a Agroecologia, que não é simplesmente um sistema de produção ou livre de transgênicos, mas que também mantém toda uma lógica de respeito ao ser humano, à valorização do trabalho da mulher e ao consumidor, com a diversificação da produção, oferta de produtos saudáveis, soberania e segurança alimentar.

Já para os alunos de graduação envolvidos com os projetos, o mais interessante é o compartilhamento de conhecimentos. “Os produtores rurais têm suas terras e trabalham pelo bom manejo do solo dentro de suas perspectivas. Nós entramos na realidade do agricultor com o conhecimento acadêmico, buscando auxiliar na produtividade. Passamos um pouco de nosso conhecimento, mas também recebemos os saberes profundos deles”, afirmou Socorro Lacerda, aluna do 7º período de Biologia.

Atualmente, a Feira de Agroecológicos da UEPB funciona com seis barracas padronizadas que serão mantidas com a perspectiva de crescimento organizado, atendendo toda a comunidade acadêmica da Instituição e demais pessoas interessadas em usufruir do mercado agroecológico.

Experiência que vem do campo

Antônio Rodrigues de Araújo tem 69 anos, vive no sítio Oiti, em Lagoa Seca, e trabalha desde muito jovem com a agricultura familiar. De início, mantinha o entendimento de que, para que seus vegetais parecessem atraentes ao comércio, deveria utilizar agrotóxicos. No entanto, há quase 20 anos ele deu início à produção livre de defensivos agrícolas. “Foi fácil sair do ‘veneno’, mas para isso eu passei dois anos sendo fiscalizado diariamente, para que não usasse novamente”, lembra o agricultor.

Com seu vasto conhecimento na produção orgânica, Antônio já conheceu a maior parte dos estados brasileiros, participando de congressos e compartilhando muito do seu dia-a-dia de agricultor. “Hoje, a gente costuma utilizar as folhas do nim indiano e uma mistura de óleo de soja e detergente, que funciona como defensivo natural e previne a ‘doença’ em todos os vegetais. Eu não sou professor, mas dou aula”, disse, com orgulho.

Sua produção engloba mais de 40 vegetais, que são oferecidos conforme a época e envolve mais quatro pessoas da família na agricultura e comercialização dos alimentos, entre eles o genro Alberto do Nascimento Silva que, além de participar de feiras semanais em Campina Grande e Lagoa Seca, também faz a entrega dos produtos nas casas dos clientes, utilizando-se das redes sociais para divulgação e contatos. “É bom poder sobreviver do que plantamos e colaborar com o bem-estar da população, com a saúde do povo, poder dar trabalho para mais pessoas e estimular os vizinhos a também cultivarem sem agrotóxicos”, reconhece.

Texto e fotos: Giuliana Rodrigues

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