Produtores e pesquisadores discutem estratégias para impulsionar cultivo de batata agroecológica na Paraíba

22 de novembro de 2017

Produzida de forma ecológica e sem uso de agrotóxicos e venenos, a batatinha é hoje uma das culturas que impulsionam a agricultura familiar no chamado Território da Borborema, gera renda e favorece o desenvolvimento econômico da região. A cultura, que no passado já foi forte e entrou em processo de declínio desde 2013, começou a se reerguer graças a um conjunto de ações realizadas pela Comissão Territorial da Batata, com apoio da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio do Centro de Ciências Agrárias Ambientais (CCAA), do Câmpus de Lagoa Seca, notadamente, pelo Núcleo de Extensão Rural Agroecológica por meio do (NERA).

Cerca de 80 agricultores beneficiados pela iniciativa se reuniram nesta quarta-feira (22), no CCAA, para avaliar os efeitos das novas pesquisas e técnicas aplicadas para eliminar as pragas que atacam a batatinha, receber informações e planejar estratégias e ações para 2018. O 2º Seminário Revitalização da Batata Agroecológica foi pensado e organizado pelo NERA da UEPB, em parceria com a Comissão Territorial da Batata Agroecológica. O evento reuniu, além dos agricultores, pesquisadores da área, estudantes e representantes dos órgãos parceiros, a exemplo da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária (Emepa), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater-PB) e Banco do Nordeste.

As boas vindas aos participantes foram dadas pelo diretor do Câmpus II, professor Suenildo Oliveira Costa, e pelo diretor da Escola Agrícola Assis Chateaubriand, professor José Félix. O diretor colocou, inclusive, o Complexo Agroindustrial, instalado no local, à disposição dos agricultores para processar a batatinha. Compuseram a mesa de abertura e apresentaram relatos de experiências bem sucedidas na área, a professora a coordenadora do NERA/UEPB, Élida Correia; o pesquisador Emanoel Dias, representante do AS-PTA (Agricultura Familiar e Agroecologia); o sindicalista Nelson Anacleton, que representou o Polo Sindical da Borborema; o secretário Benério Araújo, representando a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agropecuário da Paraíba (SEDAP); e José Vicente, que representou o BNB.

Inicialmente foi realizada uma mesa redonda sobre a importância da batata ecológica para a região. Após a atividade foram realizadas três oficinas destinadas aos agricultores com os temas “Manejo e Fertilidades do Solo”, “Doenças” e “Qualidade da Batata Sementes”. A ideia foi fornecer mais conhecimento técnico e científico aos agricultores, para ampliar a produção de batatinha nas próximas safras. “É uma produção que vem ganhando escala no Território da Borborema e, recentemente, nós começamos a realizar pesquisas com o apoio da Universidade para melhorar essa cultura e fortalecer a agricultura familiar”, destacou Emanoel Dias, representante do AS-PTA e um dos organizadores do evento.

Emanoel garantiu que o trabalho desenvolvido pela Associação, com apoio da UEPB, tem fortalecido a segurança alimentar das famílias e assegurado a fixação dos agricultores no campo. Mesmo a região tendo atravessado cinco anos de seca, os agricultores conseguiram manter a produção de batatinha. Em média, cada agricultor chega a produzir até sete toneladas de batatinha por ano, sempre com o acompanhamento do NERA da UEPB. Esse número, segundo avaliação de Emanoel, ainda é pequeno, mas deve aumentar com as novas iniciativas.

Em todo Território da Borborema, 68 famílias produzem batatinhas atualmente, sendo que no passado esse número chegou a 100, tendo sido reduzido devido às irregularidades das chuvas e a falta de incentivo dos poderes públicos. O representante do AS-PTA destacou que a principal ação do projeto é garantir um produto saudável, livre de veneno e agrotóxico, que vem sendo fundamental para as melhorias das condições dos agricultores e agricultoras da região.

Quando o assunto é pesquisa e fornecimento de conhecimento técnico e científico, entra o Núcleo de Extensão Rural Agroecológica da UEPB. Desde o ano de 2013 o NERA se tornou parceiro da Comissão Territorial da Batata Agroecológica e tem contribuído no processo de revitalização da batata agroecológica. A professora Élida Correia, que coordena um projeto concebido dentro do programa de extensão “Agroecologia e o diálogo de saberes na Universidade”, disse que o trabalho tem ajudado a mudar a realidade. Ela conta que a iniciativa “Capacitação de agricultores no cultivo da batatinha agroecológica quanto ao manejo de pragas e doenças” nasceu a partir de uma demanda dos próprios agricultores que estavam sofrendo danos econômicos devido à incidência de doenças nos campos de produção de batata agroecológica.

O primeiro passo foi reunir estudantes dos cursos de Agroecologia e técnico em Agropecuária do Câmpus II e desenvolver estudo para identificar as pragas que atacavam a batatinha. Um diagnóstico das pragas e doenças que ocorrem nos campos de produção de batata agroecológica do agreste paraibano foi feito e os agricultores receberam capacitação quanto ao manejo ecológico delas. Algumas técnicas alternativas foram aplicadas e os resultados foram além do esperado. A apresentação de novas medidas de manejo ecológico permitiu aos agricultores combater as pragas e manter a produção. No entanto, a professora reconhece que ainda é preciso avançar nas pesquisas. A próxima etapa dos trabalhos será uma visita de campo nas propriedades rurais.

Robson Alves Gertrudes é produtor de batatinha agroecológica desde 1998. Ele destacou que a cultura vem passando por um processo de revitalização desde a instalação da Comissão, com o apoio do NERA. Robson produz 14 toneladas de batatinha por ano e 40 toneladas de batata-doce, sem contar outras culturas. “Um seminário como esse é muito importante para adquirirmos mais conhecimentos”, frisou.

Como representante do Polo Sindical da região, Nelson Anacleto traçou um histórico da batatinha na região e disse que a academia tem dado grande contribuição para alavancar o setor. O secretário Benério Araújo, da SEDAP, disse que o maior desafio da Secretaria é tornar a Paraíba o maior produtor de batatinha do país. Já José Vicente garantiu qu

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e o Banco do Nordeste continua sendo o maior financiador de empréstimos para os produtores rurais. O seminário contou ainda com a apresentação do resultado do monitoramento da produção da batata ecológica deste ano e planejamento das ações para 2018.

Texto: Severino Lopes
Fotos: Edvânia Barbosa

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